Uso de cartões bate recorde

Uso de cartões bate recorde

 São Paulo – As taxas altas de juros no Brasil não impediram que o mercado de cartões de crédito registrasse crescimento de 5,9% no primeiro trimestre, ante um ano atrás, totalizando R$ 285 bilhões, de acordo com o presidente da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs). "O segmento apresentou crescimento bem maior que a nossa economia dado ao aumento do uso de cartões", avaliou ele, durante congresso de tecnologia bancária promovido ontem pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban).

 

Do volume total movimentado pelo segmento de janeiro a março, segundo Chacon, R$ 112 bilhões corresponderam à modalidade de débito, com alta de 7,6%, e R$ 173 bilhões de crédito, com aumento de 4,8%, na mesma base de comparação. "Foi o maior crescimento do cartão de crédito desde o terceiro trimestre de 2015", destacou o presidente da Abecs.

 

Sobre o crédito rotativo, que desde abril passou a ser limitado a 30 dias de uso no máximo, Chacon informou que o setor cumpriu o objetivo de reduzir a taxa em mais de 50% com os novos produtos. Ao final da quarta semana de maio, os juros na modalidade foram a 207,90% ao ano, o que representa recuo de 54% em relação à quarta semana de março, quando estavam em 455,40% anuais. Segundo o presidente da Abecs, a taxa do rotativo no mês foi de 9,8%.

 

A Abecs chegou a cogitar elevar sua projeção de crescimento do setor de cartões para dois dígitos neste ano, mas preferiu mantê-la em 7,5%. Pesou, sobretudo, segundo o presidente da entidade, o cenário econômico, que não apresentou o fôlego esperado. "Aparentemente, o fôlego da economia não está como imaginávamos. Não foi a crise política. Não teve uma bala de prata que desestruturou, mas o cenário. A confiança deu um passo para trás", explicou Chacon.

 

A representatividade dos cartões no consumo das famílias brasileiras no primeiro trimestre chegou a 28,2%. "Poucos negócios têm desempenho tão robusto diante do cenário que estamos vivendo", ressaltou Marcos Magalhães, diretor-executivo de cartões, veículos e financeiras do Itaú Unibanco.

 

IMPACTO DA CRISE Diante do contexto atual, porém, o diretor-executivo do Bradesco, Rômulo de Mello Dias, avaliou que é impossível os empresários e os consumidores não ser impactados, referindo-se à crise política. O país, segundo ele, vinha sendo colocado nos trilhos, fazendo seu dever de casa do lado fiscal, mas precisa que as reformas sejam aprovadas. "A (reforma) trabalhista passou ontem (terça-feira). Vamos ver a da Previdência. Nesse cenário, é natural empresários e consumidores se retraírem", avaliou o executivo.

 

Sobre 2018, Chacon, da Abecs e também presidente da Rede (ex-Redecard), disse que é quase impossível definir um cenário para o ano que vem enquanto não se materializa um ambiente mais estável neste ano. O presidente da Visa, Fernando Teles, ponderou que, apesar da falta de clareza, a perspectiva é muito boa e que há possibilidade de crescimento a despeito do desempenho da economia.

09/06/2017
- ESTADO DE MINAS - MG
WhatsApp
Facebook
Twitter
LinkedIn