Sucessão na Previ: Planalto deve indicar vice do BB

Sucessão de vetos a indicados fortalece Ricardo Flores (foto), vice-presidente de Crédito, para presidir o fundo de pensão

O atual presidente da Previ, Sérgio Rosa, ainda insiste na indicação de Joílson Rodrigues, diretor de Participações da instituição

KENNEDY ALENCAR
LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deverá indicar o vice-presidente de Crédito do Banco do Brasil, Ricardo Flores, para presidir a Previ.

Segundo apurou a Folha, perdeu força nas últimas semanas a hipótese de Joílson Rodrigues Ferreira, diretor de Participações da Previ, ser apontado por Lula para comandar o poderoso fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil.

Como revelou ontem a coluna “Painel”, da Folha, uma sucessão de vetos fez de Flores o mais cotado para assumir a Previ. Lula ainda não tomou a decisão final porque está em curso uma queda de braço entre o atual presidente do fundo de pensão, Sérgio Rosa, e o presidente do Banco do Brasil, Aldemir Bendine.

Rosa defende Joílson. A Folha ouviu ontem na cúpula do governo que o presidente da Previ ainda insistirá no nome que apresentou a Lula.

Bendine havia sugerido ao ministro da Fazenda, Guido Mantega, a indicação de Paulo Caffarelli, vice-presidente de Negócios de Varejo. Mas houve resistência do PT a Caffarelli, sobretudo da ala oriunda do sindicalismo bancário paulista.

Caffarelli trabalhou na Previ durante o governo FHC, sendo visto por alas petistas como tucano. Diante da dificuldade de emplacar Caffarelli, a direção do Banco do Brasil cogitou bancar outros dois vice-presidentes: Robson Rocha (Gestão de Pessoas e Desenvolvimento Sustentável) e Allan Toledo (Negócios Internacionais e Atacado).

Rocha é filiado ao PT. Toledo, um técnico do banco. Na visão de auxiliares diretos do presidente, seria preciso um nome de maior peso.

Daí ter surgido Flores, que fez longa carreira no BB, tem boas relações com o PT e comanda a estratégica área de Crédito, Controladoria e Riscos Globais do BB. Na avaliação de Lula e de seu principais ministros, o Banco do Brasil foi fundamental durante a crise para evitar uma seca do crédito. Mais: o banco registrou o maior lucro de sua história e ganhou fatia de mercado.

Patrimônio

A disputa pela Previ virou uma guerra porque se trata do maior fundo de pensão do país. Tem patrimônio de cerca de R$ 150 bilhões, com participações diretas e indiretas em empresas públicas e privadas. É acionista da Vale e da Brasil Foods, entre outras empresas. É parceira de empresas privadas em projetos de infraestrutura bancados pelo governo.

É comum o Palácio do Planalto pressionar a Previ a se associar a investimentos públicos e privados de seu interesse político. O mandato de Rosa termina no final do mês.

Cabe ao presidente do BB fazer a indicação, mas a decisão é do presidente Lula. Há mandato de quatro anos, mas pode haver substituição a qualquer tempo. É preciso que o indicado seja funcionário de carreira.

Rosa virou presidente da Previ em 2003 por indicação do então ministro de Comunicação de Governo, Luiz Gushiken. Ligado ao PT, Rosa nem sempre atendeu às pressões do Palácio do Planalto, o que contrariou Lula em alguns momentos. Para os funcionários, sua gestão não embarcou em todos os pedidos políticos do PT e do governo.

A nova direção do BB, fortalecida pelo bom desempenho na crise econômica internacional, resolveu opinar sobre os destinos do fundo de pensão. Por isso, tem peso a apresentação à cúpula do governo de um vice-presidente da atual gestão do banco.

 

10/05/2010
- Folha de S. Paulo
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