Quem realmente ganhou com a disparada da Petrobras

Quem realmente ganhou com a disparada da Petrobras

 Presidente da consultoria Risk Office, que monitora mais de R$ 380 bilhões em ativos, afirma que quase nenhum fundo estava posicionado em Petrobras quando o rali teve início Baseada mais em notícias do que em fundamentos, a Petrobras (PETR3; PETR4) disparou mais de 35% nos últimos 14 pregões. O mercado, que passava no início do ano por um momento de total descrença com a companhia, por conta do antagônico resultado de um endividamento elevado e forte queima de caixa, foi literalmente "pego de surpresa" quando papéis das estatais começaram a avançar após especulações sobre a queda de Dilma Rousseff na eleição de outubro, deixando muitos e "pesados" investidores de fora do rali. Segundo Alberto Jacobsen, presidente da consultoria de avaliação de risco Risk Office, que trabalha com mais de R$ 380 bilhões em ativos, quase nenhum fundo estava posicionado em Petrobras. 

E nessa questão Jacobsen é a pessoa certa para dar um parecer com precisão: atualmente a Risk Office possui uma carteira formada por 340 clientes, sendo 161 fundos de pensão, e tem 5.000 carteiras sob consultoria. Em conversa exclusiva para o InfoMoney, ele afirmou que poucos fundos conseguiram ganhar com essa disparada da Petrobras, com a grande maioria não tendo mais o papel na carteira. 
Mas então quem puxou esse movimento altista da estatal na Bovespa? O executivo responde: os estrangeiros. Foram eles quem conseguiram se mexer mais rápido, afirma Jacobsen. De 18 de março até a última terça-feira (8), os bancos estrangeiros foram os principais intermediadores das compras de ações da estatal. No caso das ordinárias (PETR3), as corretoras do Credit Suisse, Itaú e UBS lideraram as compras, enquanto das preferenciais (PETR4) a lista contou com BTG Pactual, Goldman Sachs e Merrill Lynch, de acordo com dados levantados do software Profit Chart. 
Esse fluxo maior de estrangeiros pode ser observado também olhando para o movimento das duas classes de ações da Petrobras: enquanto as ordinárias subiram 36,52% no rali, as preferenciais avançaram 27,21%. Isso porque os gringos costumam dar preferência às ordinárias, principalmente porque nos EUA o ADR (American Depositary Receipt) do papel ON da Petrobras tem muito mais liquidez que o PN. 
Segundo dados da Bloomberg, de 4 de abril, os fundos que possuíam as maiores participações em Petrobras eram: BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Previ (Fundo de Pensão do Banco do Brasil), BlackRock, Norges e Vanguard Bank. 
O que o mercado estava "comprando"? 
Três pesquisas – duas sobre intenções de votos e uma sobre a popularidade do atual governo – deixaram o mercado eufórico nos últimos dias. No dia 19 de março, o mercado especulava sobre a queda nas intenções de voto de Dilma Rousseff para uma reeleição em outubro. Neste dia, os papéis das estatais dispararam na Bolsa: PETR3 subiu 3,48%; PETR4, +2,85%; ELET3, +6,14%; ELET6, +2,66%; e BBAS3, +4,59%. 
A pesquisa, que estava programa para ser divulgada naquela noite, só foi reportada na noite do dia seguinte. Mas contrário aos rumores, a pesquisa seguiu inalterada. Dilma seguiu com 43% das intenções de voto, enquanto Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB) registraram 15% e 7%, respectivamente. 
Na última quinta-feira, 27, foi divulgado uma segunda pesquisa, essa sobre a popularidade do atual governo e encomendada pela CNI (Confederação Nacional da Indústria). A avaliação positiva saiu de 43% para 36%. Foi a primeira vez, desde julho do ano passado, logo após os protestos na rua, que a presidente interrompeu a trajetória ascendente da avaliação positiva. Os papéis da Eletrobras (ELET3, +9,84%, ELET6, +3,52%), Petrobras (PETR3, +7,55%; PETR4, +8,13%) e Banco do Brasil (BBAS3, +6,63%) dispararam no dia. 
Já no pregão da última quarta-feira, 2 de abril, o mercado "comprava" a expectativa de que uma pesquisa Datafolha, divulgada no sábado (5), mostrasse queda na intenção de votos para Dilma. De acordo com coluna do jornalista Kennedy Alencar, o Planalto já trabalha com essa possibilidade. No dia, subiram forte os ativos PETR3, +4,05%; PETR4, +4,75%; ELET3, +4,44%; ELET6, +5,89%; BBAS3, +4,17%. Com a confirmação no sábado, 6, de que a intenção de voto para a presidente Dilma recuou seis pontos percentuais na comparação com a pesquisa de fevereiro, passando de 44% para 38%, esses ativos voltaram a disparar na segunda-feira: 6,38%, 6,61%, 3,06%, 1,53% e 5,64%, respectivamente. (InfoMoney)

 

11/04/2014
- InfoMoney
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