Mercado de cartões tem dificuldade em lidar com diversidade de clientes

Mercado de cartões tem dificuldade em lidar com diversidade de clientes

 

São Paulo – O mercado de cartões enfrenta dificuldades para incorporar as novas tecnologias no mercado tradicional e virtual. Apesar da tentativa de ampliar o leque de escolhas do consumidor, segmento ainda tende a demorar cerca de cinco anos até conseguir a adesão total.

 

Mesmo com o crescente número de parcerias entre bandeiras, adquirentes, bancos e fintechs, os desafios em adaptação por parte do setor de cartões têm crescido consideravelmente.

 

De acordo com o diretor de inovação da Visa, Érico Fileno, apesar da aposta do mercado ser baseada em grande aceitação das mudanças no parque tecnológico, este consentimento será, ainda, gradativo por passar por uma mudança no comportamento dos consumidores.

 

Já começamos a perceber a migração das pessoas para essas novas tecnologias e os próprios bancos e fintechs já têm conversas pontuais sobre o uso de ferramentas próprias , comenta o executivo, mas ressaltando que a aderência dos produtos depende do público das instituições.

 

De um jeito ou de outro, claro que isso tem uma mudança de comportamento na jornada de uso. Como foi para a transição da tarja magnética do plástico para o chip, também veremos uma demora na aceitação para os vestíveis e uso de devices , acrescenta Fileno, da Visa.

 

Os últimos dados da Capgemini apontam que a expectativa é que o aumento no volume de pagamentos digitais no mundo seja de 10% anualmente, com o Brasil alcançando o terceiro lugar na quantidade de transações por esses meios.

 

Na mesma linha, no entanto, apesar do número crescente de adesão aos pagamentos digitais, ainda há uma grande parte dos clientes que prefere o uso do cartão físico.

 

Segundo o diretor de produtos e pagamentos digitais do Itaú Unibanco, Rubens Fogli, o setor ainda tem dúvidas sobre qual estratégia abordar em relação ao pagamento por aproximação (NFC, da sigla em inglês Near Field Communication), uma vez que há o custo da migração e a possibilidade de uma tecnologia que já entra velha no mercado.

 

A concentração do uso do plástico está cada vez mais voltada para a população que está envelhecendo e que também tem menos chances de adesão ao pagamento digital via device. Já para os mais novos, é ao contrário. Então a estratégia de cada migração tem que ser diferente , explica o executivo.

 

Ao mesmo tempo, porém, há uma forte apreensão em relação à segurança que também atrasa a aderência pelas novas tecnologias e provoca grande preocupação do setor.

 

O índice de fraude no Brasil é de quatro a cinco vezes maior do que no mundo, e o pior é que o crescimento de pagamentos não presentes [digitais], cresce na mesma proporção. Essa é uma combinação péssima. Por isso há um constante investimento nessa área, já que ela que vai fazer a diferença , avalia o presidente da Mastercard Brasil, João Pedro Paro Neto.

 

Ele reforça que esse movimento não vai parar nunca , exatamente para acompanhar a migração do cartão físico para o digital. Eu não estou discutindo se as novas tecnologias vão aumentar ou não. A evolução é devagar, mas já está acontecendo e, eventualmente, nós veremos um mercado mais robusto , afirmou o executivo ao DCI.

 

Jabuticabas

 

Ainda visando a experiência do consumidor final como principal objetivo, os especialistas entrevistados também reforçam que conforme a adoção dos novos meios de pagamento seja maior, o barateamento de custos também será uma vertente significativa.

 

Essa é um dos objetivos e já acontece em várias maneiras. Por exemplo, 70% das transações no banco são feitas digitalmente, o que diminui nossos custos. Quanto maior a adesão e o que mais pudermos capturar de economia, parte representativa é direcionada ao cliente , analisa o diretor de meios de pagamentos do Banco do Brasil, Rogério Panca.

 

Da outra ponta, porém, para que o uso dos meios digitais ganhe escala, ainda existem desafios a serem enfrentados pelo mercado de cartões.

 

Temos uma série de jabuticabas na indústria de pagamentos. No parcelado sem juros, no cartão de débito e crédito inseridos no mesmo cartão, e todas essas escolhas dificultam a proposta de pay and go [pague e vá embora] que essas novas tecnologias trazem , pondera Fogli.

 

Ele destaca, ainda, que é papel do segmento tornar o ambiente mais fácil. Se não resolvermos isso, não vamos evoluir nunca , completa.

 

Competitividade

 

Ainda sobre o custo, os executivos colocam em evidência a concorrência cada vez maior no mercado frente o surgimento de novos players com sistemas digitais já implementados e preços diversificados.

 

De acordo com Panca, do Banco do Brasil, a competição vem forte, mas é saudável.

 

Apesar de sempre ter alguns movimentos contrários ao que a gente prega, como é o caso do Nubank, por exemplo, que coloca critérios sem anuidade, visamos sempre a possibilidade de parcerias com fintechs, mas mirando em algo rentável , avalia o diretor.

 

Segundo Neto, presidente da Mastercard, porém, ou a indústria se junta para evoluir ou não há crescimento.

 

Hoje, é impossível resolver, sozinho, o problema ou a demanda do cliente. Grandes e pequenos têm que se juntar para levar a solução porque a prioridade agora é velocidade e só ganha quem souber chegar no cliente , conclui Neto.

 

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12/06/2017
- DCI - SP
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