Impasse na escolha do comando da PREVI

Impasse na escolha do comando da PREVI

 Foto: Cleber Medeiros – Revista Ideias em Gestão

Chegou a um impasse a sucessão no comando da Previ, o fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil (BB), o maior do país e da América Latina, com patrimônio de R$ 142,6 bilhões (posição de dezembro de 2009). Numa sondagem preliminar feita junto ao Ministério da Fazenda, o presidente do Banco do Brasil, Aldemir Bendine, propôs que o substituto de Sérgio Rosa, o atual presidente da Previ, fosse o vice-presidente de Novos Negócios do banco, Paulo Caffarelli. A cúpula do governo, no entanto, rejeitou a sugestão, alegando tratar-se de um nome de perfil apenas técnico. Quer, para o posto, alguém com sólida formação técnica, mas que também tenha trânsito no PT e na classe política.

O Palácio do Planalto, segundo apurou o Valor com fontes graduadas do governo, rejeita também o controle da Previ por sindicalistas. Não há preconceito contra os sindicatos, explica uma fonte, inclusive porque Sérgio Rosa é de origem sindical e lidera uma gestão considerada “exemplar” pelo governo. Avalia-se, no entanto, que o melhor neste momento é colocar alguém que não tenha vínculo direto com o movimento sindical.

Nos últimos dias, o nome de Robson Rocha (foto), atual vice-presidente de Gestão de Pessoas e Desenvolvimento Sustentável do Banco do Brasil, cresceu como possível alternativa para superar o impasse. Rocha é hoje, além de vice-presidente do banco, presidente do Conselho Deliberativo da Previ. Em seu cargo na diretoria do BB, acumulou experiência negociando o fim de greves promovidas pelos sindicatos dos bancários. “Se for para a Previ, Robson não vai ceder ao movimento sindical”, observou uma fonte.

Rocha reúne, segundo fontes, os pré-requisitos exigidos pelo Palácio do Planalto para o cargo. É funcionário de carreira do Banco do Brasil e administrador de empresas, com especialização em finanças, recursos humanos e marketing, além de ter “bom trânsito” no PT. Um de seus interlocutores no Palácio do Planalto é o ministro Luiz Dulci, secretário-geral da Presidência da República.

Sérgio Rosa preside a Previ desde fevereiro de 2003. Antes, em 2000, foi diretor de Participações do fundo, eleito pelos funcionários e aposentados do BB. Depois, passou a ser diretor de Administração, antes de passar a comandar a fundação no início do governo Lula. Comenta-se que Rosa gostaria de indicar o atual diretor de Participações, Joílson Rodrigues Ferreira, para sucedê-lo.

Assessores de Bendine e de Rosa negam, com veemência, que os dois estejam disputando a sucessão da Previ. Desmentem também rumores de que estariam se desentendendo. “Não existe queda de braço entre os dois”, assegura um auxiliar do presidente do Banco do Brasil.

Na terça-feira, Rosa divulgou nota oficial, na qual afirma que a escolha do diretor-presidente da Previ é uma decisão do patrocinador do fundo – o Banco do Brasil. “Não há disputa pela indicação do sucessor, até porque respeito a autoridade, a competência e o discernimento daqueles a quem cabe tomar esta decisão”, sustentou.

Embora formalmente a escolha de três dos seis diretores da Previ, incluindo o presidente da entidade, seja do conselho diretor do BB – os outros três são eleitos -, as decisões não são tomadas pelo banco sem a aprovação do Ministério da Fazenda e do Palácio do Planalto. Em alguns casos, a escolha é feita diretamente pela cúpula do governo.

Ex-sindicalista e filiado ao PT, Sérgio Rosa chegou à presidência da Previ pelas mãos de Luiz Gushiken, que em 2003 era ministro da Secretaria de Comunicação da presidência da República. Antes de ser escolhido, ele trabalhou na equipe de transição de governo, o que lhe permitiu trânsito entre as principais figuras do governo petista. Considerado um bom executivo, Rosa comandou a Previ por dois mandatos consecutivos de quatro anos. Ao deixar o cargo, no fim de maio, vai trabalhar na campanha presidencial da ex-ministra Dilma Rousseff.

A escolha do novo presidente da Previ tem um complicador adicional. A depender de quem vença a eleição presidencial de outubro, o escolhido para o comando do fundo de pensão poderá ter um mandato curto. Seu nome terá que ser necessariamente referendado pelo novo presidente. Um diretor-presidente de perfil exclusivamente técnico, como seria o caso de Paulo Caffarelli, teria mais chances de sobreviver a uma mudança de governo.

O presidente do Banco do Brasil, que já sabe da rejeição do Palácio do Planalto a Caffarelli, decidiu ganhar tempo para trabalhar uma nova indicação. Ele tem até o fim de maio para fazer isso. “Ele vai resolver isso no momento certo”, disse um interlocutor de Bendine. “Certamente, ele trabalhará por um nome profissional”, assegurou uma outra fonte.

Fonte: Valor

22/04/2010
- Valor
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