Carta com aviso para sacar benefício que não existe e falso seqüestro são alguns dos golpes sofridos pelos idosos.

Quase 4 mil idosos foram vítimas de quadrilhas especializadas em Brasília. O idoso recebe uma carta, por exemplo, com o aviso que já pode sacar um benefício. Para isso, precisa fazer um depósito. É um golpe. Alguns bandidos miram idoso na entrada de bancos, e outros golpes – por mais que sejam conhecidos – sempre assustam, como o falso sequestro.

Aos 80 anos, a Dona Marlene, fã de computador, recebe um monte de e-mails, mas só abre se for de conhecido e não se rende a atrativos. "Oferta nenhuma, vá atrás, que ninguém está dando nada a ninguém", diz Marlene Cerqueira, aposentada.

Perigo em casa e na rua. Dona Marlene estava saindo do banco e um senhor pediu que ela trocasse um cheque para ele. "Eles se colocam de coitados, com a vida em dificuldade, e a gente fica penalizado", conta.

Desconfiada, a aposentada voltou para a porta do banco. Com o movimento, o golpista se afastou e ela foi embora. É a dica da polícia: não fazer o que o bandido pede.

Dona Eleci, de 74 anos, também foi alvo dos bandidos só que por telefone. “Uma mulher telefonou chorando me pedindo socorro: "Mamãe, me socorre, eu fui assaltada"”, diz a aposentada.

Ela achou a história estranha, não se afobou, como recomenda os policiais. "Muita calma nessa hora", brinca.

Esse golpe do falso sequestro é um dos que os bandidos mais aplicam contra idosos segundo o governo do Distrito Federal. Outro bem comum é o falso prestador de serviço que finge trabalhar em empresa de água, telefone, gás ou luz. Se o serviço não foi solicitado, não deixe entrar em casa.

Até nos casos de estelionato os golpistas deixam pistas. Atenção a tudo que chega pelo correio: “Se receber correspondências de instituições bancárias a qual não tem qualquer tipo de vínculo, desconfiar, porque seus dados podem ter sido usados e uma pessoa pode estar tentando aplicar algum tipo de golpe”, explica Weslley Salomão, delegado da Divisão de Defesa do Consumidor.

Dona Marlúcia recebeu um cartão de uma conta que ela não tinha aberto. Foi ao banco e descobriu a fraude, era um pedido de empréstimo consignado para aposentados.“Trabalhei para conseguir essa aposentadoria, que é por tempo de contribuição, contribui 30 anos, me senti lesada”, diz Marlúcia Araújo de Sousa, aposentada.

No Distrito Federal foram quase quatro mil ocorrências nos dois últimos anos. A Secretaria do Idoso até preparou uma cartilha com situações rotineiras, como no banco, para que o idoso cuide da senha e não se afaste do caixa eletrônico caso o cartão fique preso. Ajuda de estranhos nunca, alerta sempre.

“A pessoa já está de idade, não ganha lá essas coisas. Porque, quando é idoso, o remédio é caro, o plano de saúde é caro. Se cair em um golpe, coitado”, comenta Marlene Cerqueira.