Crise fecha quase 100 mil lojas no país

Crise fecha quase 100 mil lojas no país

 

A queda das vendas no varejo levou quase 100 mil lojistas a fechar as portas em todo o país no ano passado. O desempenho foi o pior desde 2001, segundo levantamento divulgado ontem pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) que leva em conta o saldo entre lojas abertas e fechadas durante o ano. Entre janeiro e dezembro, o saldo ficou em 95,4 mil lojas a menos em funcionamento. Os números negativos mostram que o setor foi um dos mais afetados com a crise, com retração de 13,4% nos estabelecimentos comerciais que empregam ao menos um funcionário no Brasil. Até mesmo as grandes lojas do varejo sofreram em 2015, com recuo de 14,8% em relação a 2014. Em Minas Gerais, a queda foi ainda maior do que a média nacional, com retração de 16,3% dos estabelecimentos. O saldo no estado foi de 12.524 lojas amenos.

 

O resultado negativo para os lojistas começou em 2014, com queda de 1,6% nas vendas, mas no ano passado os números desabaram, com retração de 8,4% registrada até novembro. O aspecto mais preocupante do levantamento está no fechamento de postos de trabalhos em consequência dos resultados ruins do setor: em 2015 foram fechados 180 mil postos de trabalho no varejo. "Para um dono de loja a decisão de fechar as portas não é fácil. Primeiro se reduz gastos com luz, água, e outras despesas. Só então reduz o número de funcionários. Fechar o negócio é a última alternativa", explica Fabio Bentes, economista da CNC.

 

Segundo análise do economista, o fechamento está diretamente ligado à queda no volume de vendas, que no ano passado teve grande impacto em todas as regiões do país. "Os números evidenciam a dimensão da crise no varej o, que afetou todos os setores, inclusive os grandes, que, teoricamente, têm mais capacidade de enfrentar o quadro recessivo", avaliou Bentes. Todos os segmentos do varejo apresentaram queda no número de lojas, mas os que tiveram resultados mais desastrosos foram os de materiais de construção, com retração de 18,3%; seguido pelo de informática e comunicação, que caiu 16,6%; e móveis e eletrodomésticos, 15% negativo.

 

Em termos absolutos, no entanto, o segmento de hipermercados, supermercados e mercearias foi o que teve a maior redução no número de lojas em 2015. Foram 25,6 mil lojas fechadas. O estudo revela que, das 27 unidades da Federação, apenas Roraima não apresentou queda no número de lojas. Os estados de São Paulo, com fechamento de 28,9 mil lojas, Minas Gerais, com o fim de 12,5 mil, e Paraná, 9,4 mil, responderam por mais da metade da queda no número de estabelecimentos.

 

Em meio ao cenário ruim, a perspectiva do setor para este ano é ainda mais desanimadora, de acordo com o economista da CNC. "Não temos previsão de recuperação em curto ou médio prazo, mas a expectativa é ruim e de continuidade no cenário de fechamentos de lojas. Temos uma herança negativa para 2016, com a inflação alta, o dólar alto e os juros altos. Em todo o Brasil, grandes redes estão fechando lojas e a falta de confiança em uma mudança na situação da economia afeta diretamente o varejo", explica Bentes.

 

Uma das alternativas para os lojistas que enfrentam a queda nas vendas, segundo conselho do economista, é tenta renegociar com fornecedores e buscar taxas de juros mais baixas. "Com o dólar tão alto, uma boa opção é sentar para negociar com fornecedores e buscar opções nacionais", avalia Bentes.

 
15/02/2016
- ESTADO DE MINAS - MG
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