Olivia Alonso

Letras de Crédito Agrícola e de Crédito Imobiliário crescem com queda dos juros

Diferentes modalidades de investimentos isentas de imposto de renda (IR), como Letras de Crédito Agrícola (LCA) e Letras de Credito Imobiliário (LCI), têm atraído cada vez mais investidores brasileiros, carentes por diversificação desde o início da trajetória de queda dos juros .Esses papéis são alternativas cada vez mais acessíveis a outros dois instrumentos mais conhecidos e também isentos de IR: a poupança e os fundos de investimentos imobiliários.

Antes restritos a investidores com mais de R$ 1 milhão disponíveis para investir, agora já há bancos oferecendo os títulos por R$ 30 mil, como é o caso da LCI do Santander, e R$ 50 mil, para a LCA do BANCO DO BRASIL.

"Na medida do possível, vamos tendendo a democratizar o acesso dos produtos financeiros," diz Márcio Percival, vice-presidente de Finanças da Caixa.

Nos últimos 12 meses, a venda de LCI no banco cresceu 60%, para R$ 22,8 bilhões.

O estoque de LCA, por exemplo, saltou 123,6% nos últimos 12 meses, para R$ 41,765 bilhões.

O aumento de LCI também foi expressivo. Registradas apenas na Cetip por enquanto -a BM&FBovespa está se preparando para receber este tipo de papel – o aumento foi de 44% desde julho do ano passado, para R$ 57,3 bilhões.

Além da isenção do IR – que garante um retorno líquido maior, uma vez que a taxa cobrada para aplicações de renda fixa varia de 15% a 22,5% – as LCI e LCA vêm ganhando espaço também por serem consideradas aplicações com pouco risco, pois a garantia é dupla: do banco e do lastro do título.

Também os Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI) – com cerca de R$ 31,6 bilhões registrados na BM&FBovespa e na Cetip-e os Certificados de Recebíveis Agrícolas (CRA) estão cada vez mais na mira dos investidores por conta da isenção de IR.Os CRA tiveram sua primeira oferta pública na BM&FBovespa no mês passado, que negociou R$ 85,5 milhões. A diferença do CRI e do CRA para a LCI e a LCI é que os certificados não têm a garantia do banco.

Segundo Paulo Cirulli, gerente de produtos de balcão da BM& FBovespa, a tendência é de popularização gradual de produtos de investimentos. Geralmente, as aplicações conquistam primeiro os investidores mais qualificados, diz.

É exatamente o que está acontecendo com o CRA. "O CRA nunca tinha conseguido chegar ao mercado de capitais publicamente, pois é um produto com várias peculiaridades", diz Martha De Sá, sócia diretora da gestora de recursos Octante. No mês passado, porém, a Octante vendeu o produto para 211 investidores, com um retorno de 109% do CDI. A aplicação mínima ainda é elevada, R$ 300 mil, mas a ideia é ampliar a oferta, segundo Martha.