Ação do BB leva patrimônio do fundo soberano a dobrar

Ação do BB leva patrimônio do fundo soberano a dobrar

 No intervalo de um ano, o patrimônio do Fundo Soberano do Brasil (FSB) mais que dobrou, fechando janeiro em R$ 3,423 bilhões, em relação ao montante de R$ 1,5 bilhão que tinha no mesmo mês do ano passado.

 

O salto reflete a forte valorização das ações do Banco do Brasil (BB), que compõem 95% da carteira, e somavam R$ 3,267 bilhões. O restante são títulos públicos e compromissadas. As ações ordinárias do banco saíram de R$ 12,80 para R$ 31 no período.

 

Em maio de 2016, entre as medidas de esforço fiscal, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, formalizou a intenção de se desfazer dos ativos do fundo, que são operacionalizados pelo Fundo Fiscal de Investimento e Estabilização (FFIE). Naquele momento, os ativos totais somavam R$ 1,9 bilhão.

 

Na época, a orientação do ministro, depois confirmada em fato relevante pelo BB, era que o resgate das cotas ocorreria à medida que as condições de mercado o permitissem, "sempre com o objetivo de maximizar a receita oriunda da venda dos ativos do Fundo".

 

A meta de déficit primário de 2016 foi cumprida sem a necessidade de sacar os recursos e uma decisão sobre a manutenção ou venda ficou para este ano. O fundo está listado como disponibilidade na lei orçamentária de 2017. Até o momento, no entanto, não foi apresentada uma estratégia ou um plano de venda dos 105.024.600 de ações, equivalentes a cerca de 3,6% do capital do banco.

 

As últimas movimentações do FFIE se deram em 2015, com a venda de ações em julho e de títulos públicos em dezembro daquele ano. As duas operações movimentaram cerca de R$ 1 bilhão.

 

Criado em dezembro de 2008, o FSB é caso único no mundo, pois teve sua constituição feita a partir da emissão de dívida. Foram aportados R$ 14,243 bilhões no fundo via emissão de títulos públicos – justificada pelo governo ao público como "excesso de superávit primário". Normalmente, os fundos soberanos são construídos de receitas de comércio exterior, notadamente da venda de petróleo.

 

O FSB teve papel relevante na capitalização da Petrobras em 2010. Foi nesse mesmo ano que o fundo comprou ações do BB e teve seu maior valor patrimonial, atingindo R$ 18,764 bilhões. Já em 2012, o FSB foi um dos instrumentos utilizados para fazer o superávit primário do ano, levantando R$ 12,4 bilhões.

 

No ápice da chamada contabilidade criativa, o FFIE fez uma operação com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) no último dia útil do ano, que comprou as ações da Petrobras e pagou em títulos públicos o valor de R$ 8,84 bilhões. Os R$ 3,56 bilhões restantes foram obtidos por operações em mercado capitaneadas pelo próprio Banco do Brasil.

06/03/2017
- VALOR ECONÔMICO -SP
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