Com patrimônio de R$ 160 bilhões, o fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil terá novo presidente, em junho.
Por Denize BACOCCINA
O maior fundo de pensão da América Latina, a Previ, que administra R$ 160 bilhões em recursos dos empregados do Banco do Brasil, terá novo comando a partir do dia primeiro de junho. A posse de três novos diretores e de vários conselheiros, eleitos pelos funcionários, foi a data escolhida pelo governo para formalizar a mudança, com a saída de Ricardo Flores. No cargo desde junho de 2010 e com mandato até 2014, Flores não está saindo por causa dos resultados, que têm mantido o fundo como o investidor mais cortejado pelo setor privado. Ele deixa o cargo por seu envolvimento no vazamento para a imprensa de dossiês que culminaram na demissão de importantes dirigentes do banco e irritaram a presidenta Dilma Rousseff.
Na disputa de poder entre o banco e o fundo de pensão dos funcionários, Bendine saiu ganhando, graças aos bons resultados da instituição e à sua discrição – qualidades apreciadas pela presidenta Dilma. Ele conseguiu implementar uma gestão mais técnica e, ao mesmo tempo, cumprir as determinação do governo, de utilizar os bancos públicos para induzir tanto a retomada do crédito no mercado, quanto a redução das taxas de juros, desde o mês passado. Líder em ativos, depósitos e crédito, o BB atingiu, no primeiro trimestre, a marca de R$ 1 trilhão em ativos, 16% mais do que no mesmo período do ano anterior, com lucro de R$ 2,7 bilhões e retorno sobre o patrimônio de 19,7%. A Previ tem igualmente bons resultados para mostrar.
O fundo tem conseguido gerir com competência seu patrimônio: desde 2007, vem dispensando contribuições tanto de funcionários quanto do banco, no plano mais antigo, e a partir do ano passado começou a devolver parte do superávit acumulado. Até agora, foram distribuídos R$ 15 bilhões: uma metade foi para o BB e a outra para os mais de 100 mil associados da Previ, entre funcionários da ativa e pensionistas. O patrimônio gigantesco torna o fundo um cobiçado parceiro para empresas interessadas em pulverizar o capital ou realizar novos investimentos. Ele tem participações em dezenas de grandes empresas, entre elas ALL, AmBev, Embraer, Petrobras e Vale (onde ocupa a presidência do Conselho de Administração) e investimentos em empreendimentos imobiliários, especialmente edifícios comerciais e shopping centers. No ano passado, a rentabilidade foi de 7,7%, com ganho de 32% na carteira imobiliária, que chegou a R$ 6 bilhões.
Ricardo Flores não quis dar entrevista para falar sobre seu futuro. Na Previ, embora sua demissão já seja dada como um fato consumado, Flores cumpre agenda normalmente. Oficialmente, o fundo só confirma a posse dos diretores e conselheiros que estão sendo escolhidos pelos participantes do fundo – metade dos cargos é ocupada por membros eleitos e um cargo de diretor e dois de conselheiro estão em jogo, numa eleição que começou no dia 18 e vai até o dia 29. No mercado, o comentário é que Flores iria para a BrasilPrev, a empresa de previdência do BB. O atual presidente da BrasilPrev é Sérgio Rosa, antecessor de Flores na Previ. Ele pediu demissão no início do mês e negou os boatos de que pretenda voltar para o fundo, lembrando que já se aposentou e que o estatuto exige que o presidente seja um funcionário da ativa do Banco do Brasil.