Sustentabilidade da CASSI é tema de debate promovido pela Anabb

Sustentabilidade da CASSI é tema de debate promovido pela Anabb

 

Seminário discutiu a perenidade e a qualidade dos serviços na saúde sumplementar

“CASSI: sustentabilidade e qualidade na saúde suplementar” foi o tema do seminário promovido pela Associação Nacional dos Funcionários do Banco do Brasil (Anabb) dias 3 e 4 de setembro, em Brasília. O evento, segundo da série “Seminários Anabb”, reuniu funcionários da ativa e aposentados do BB e lideranças entidades ligadas ao funcionalismo do Banco para refletir sobre a assistência à saúde dos trabalhadores. Entre os palestrantes estavam especialistas do mercado de saúde suplementar, representantes do órgão regulador, a Agência Nacional de Saúde (ANS), da própria CASSI, do Banco do Brasil e das entidades sindicais ligadas ao serviço bancário.

Com o tema “CASSI: sustentabilidade e qualidade na saúde suplementar”, a Associação Nacional dos Funcionários do Banco do Brasil (Anabb) realizou entre os dias 3 e 4 de setembro mais uma edição do evento “Seminários Anabb”, em Brasília. O objetivo, neste ano, foi promover uma discussão sobre a sustentabilidade e a rede de atendimento da Caixa de Assistência, o modelo assistencial de saúde nos setores público e privado, a regulação da ANS, as operadoras do sistema de saúde suplementar e a saúde do trabalhador. 

O primeiro painel, realizado na manhã dessa terça, 3, contou com a participação da deputada federal, Erika Kokay, do presidente da Associação Brasileira de Medicina de Grupo Abramge, Arlindo Almeida, mediados pelo presidente do Conselho Deliberativo da Anabb, João Botelho.

O presidente da Abramge enfatizou a forma fragmentada do atual sistema público de saúde, o que impossibilita o acompanhamento do paciente de forma perene. Os planos de saúde privados, por sua vez, ocupam o espaço deixado pelo Estado e subdividem-se em vários segmentos, como medicina de grupo, cooperativas médicas e autogestões, por exemplo.  Arlindo Almeida ainda ressaltou a importância de ser construída uma Parceria Público-Privada, já que o Estado responde por cerca de 70% das demandas de saúde do país e a iniciativa privada pelos demais 30%.

A deputada Erika Kokay, em seu discurso, destacou que a autogestão pensa nos indivíduos em suas especificidades de trabalho, ou seja, por mais que atendam a inúmeras formas de patologias, é voltada a um anseio comum de trabalhadores que atuam no mesmo segmento laboral.  “Considero a autogestão como parte da política de gestão de pessoas da empresa, que deve ser a base da discussão das políticas de assistência à saúde do trabalhador”, disse.
 



Denise Eloi, presidente da Unidas, foi uma das participantes do painel: Sergio Riede,  
presidente da Anabb, Fabrícia, da ANS, e Marcio Coriolano, presidente da FenaSaúde 

O segundo painel, também na manhã do dia 3, contou com as participações da chefe de gabinete da ANS, Fabrícia Fernandes Duarte, da presidente da Unidas, Denise Elói, do presidente da FenaSaúde, Marcio Coriolano e com a mediação do presidente da Anabb, Sergio Riede.

A representante da ANS abordou os sete eixos que a agência atuará nos próximos dois anos: a garantia de acesso e qualidade assistencial, a sustentabilidade do setor, o relacionamento entre operadoras e prestadores, o incentivo à concorrência, a garantia de acesso à informação, a integração da saúde suplementar com o SUS e a governança regulatória.

Para o presidente da FenaSaúde, cinco pontos são essenciais para melhorar o cenário da saúde como um todo: a melhoria da infraestrutura de porta de entrada; melhor equalização dos custos médicos hospitalares, que demandam novas tecnologias cada vez mais caras; o acesso restrito aos planos individuais; a judicialização do reajuste das mensalidades por faixa-etária e o marco regulatório.

Já Denise Elói, presidente da Unidas, destacou que o excesso de normatização pela ANS dificulta o trabalho das autogestões e gera um cenário em que operadoras e prestadores sentem-se insatisfeitos. A executiva defende que a ANS também regule as ações e inações dos prestadores de serviços, por serem eles participantes essenciais desse processo. “Defendemos maior sustentabilidade com a diminuição dos custos assistenciais, a não distorção da cadeia produtiva, além da inexistência de desperdícios e fraudes”.

 

 

 

Longevidade não é problema. Proporcionar que as pessoas vivam mais é a razão de ser de um plano de saúde e o impacto do envelhecimento da população nos custos das operadoras acaba sendo negativo porque as pessoas chegam a uma idade avançada com doenças causadas por maus hábitos de vida. Então, só aumentar a receita do plano, não garante a sustentabilidade da operadora e a perenidade dos serviços prestados, alertou o presidente da CASSI, David Salviano, no Seminário Anabb, realizado em Brasília dias 3 e 4 de setembro.

No painel sobre a sustentabilidade da Caixa de Assistência, realizado na tarde do dia 3, ele chamou a atenção, para duas questões que não passam pelo aumento de receita: a perda da previsibilidade dos gastos em saúde, num cenário em que predominam doenças crônicas e não mais as infecciosas, para as quais há previsão de adoecimentos, e a ausência de limitação no acesso – os participantes podem procurar tantos médicos e tratamentos desejarem – associada a priorização do desejo/escolha sobre a necessidade de saúde.

Na avaliação do presidente da CASSI, não resolve aumentar o aporte de recursos para o plano se não houver uma mudança na forma como os gastos ocorrem – porque o problema de recursos insuficientes voltaria a ocorrer. David mostrou que mudou a forma de cálculo do custo dos serviços de saúde em relação ao período em que a Caixa de Assistência foi criada e em que foram definidos os critérios de contribuição: até a década de 50, metade dos óbitos aconteciam por doenças infecciosas que, além de previsíveis, eram mais fáceis de tratar. A partir da década de 90, 83% das causas de morte passaram a ser as doenças crônicas não transmissíveis (problemas cardiovasculares, diabetes, cânceres e doenças respiratórias e circulatórias), relacionadas a maus hábitos alimentares e estilo de vida sedentário, cuja manifestação é pouco previsível e o tratamento tem alto custo. O mesmo ocorre para as doenças crônicas degenerativas que passaram a prevalecer nos últimos quatro anos, como Alzheimer, Parkinson e outras doenças neurológicas.

“Saímos de um mundo em que se podia prever qual o percentual de salário cobriria os gastos com saúde”, diz David, se referindo à forma de custeio do plano adotada na criação da CASSI e que se mantém. E ele completa com alerta sobre a nova realidade de gastos em saúde: a indústria de máquinas e equipamentos para a saúde é a que mais cresce no mundo, 71,4% dos gastos com o paciente ocorrem nos últimos quatro meses de vida e todo sofrimento em saúde é visto como oportunidade de tratamento especializado, demonstrando que o adoecimento virou um negócio lucrativo.

 

David Salviano, presidente da CASSI, foi palestrante no painel com participação do vice-presidente 
da Anabb Douglas Scortegagna, do diretor do BB, Carlos Neri, e do o coordenador da Contraf-Cut William Mendes

No debate do qual participou com o diretor de Relações com Funcionários e Entidades Patrocinada do Banco do Brasil, Carlos Eduardo Leal Neri, e com o coordenador da Contraf-CUT William Mendes, David aponto dois caminhos possíveis para garantir a sustentabilidade da CASSI: “Ou a gente quer um sistema aberto (com o acesso livre a qualquer serviço e prestador para atender a um desejo independentemente da necessidade real) e paga por isso, ou começamos a definir degraus de acesso ao serviço”. Neri definiu como “vital e necessário” o debate sobre a sustentabilidade da CASSI, considerada de “importância estratégica” para o BB na atração e fidelização dos funcionários do Banco. Mendes também reforçou que a saúde dos funcionários, incluindo causas de adoecimento, é questão fortemente presente nas discussões sindicais, no congresso dos bancários e dos funcionários do BB.  O painel foi mediado pelo vice-presidente de Comunicação da Anabb, Douglas José Scortegagna.

AUTOCUIDADO

O objetivo de um plano, de uma empresa que patrocina a saúde ou da própria agência reguladora, a ANS, não pode ser rol de serviços, mas o de ter pessoas saudáveis. A chamada de atenção do presidente da Associação Brasileira de Qualidade de Vida (ABQV), Alberto Ogata, durante painel realizado também na tarde de terça-feira, foi ao encontro da atuação da CASSI, focada há mais de 15 anos em promoção da saúde e prevenção de doenças, para evitar o adoecimento. “A saúde é confundida ainda com curar doenças. Existe aula de educação financeira para ajudar as pessoas a cuidarem da sua renda, por exemplo, mas não há um cuidado em educação para a saúde, no que a CASSI já dá passos ao investir na Estratégia Saúde da Família”, destacou o mediador do painel “Saúde Suplementar e Saúde do Trabalhador”, Fernando Amaral Baptista Filho, vice-presidente da Anabb. Ogata, palestrante desse painel, apontou que a maior preocupação das empresas hoje é com as faltas ao trabalho, com a produtividade e com a segurança no ambiente laboral, mais do que com gastos com assistência em saúde. Defende, portanto, que os investimentos para melhorar a qualidade de vida dos trabalhadores não só na empresa, mas também fora dela, é a melhor forma contornar os problemas como o absenteísmo. O diretor de Gestão de Pessoas do BB, Carlos Alberto de Araújo Neto, um dos debatedores desse painel, destacou a necessidade de o profissional encontrar o significado e o valor do próprio trabalho e de que a saúde dele é responsabilidade da empresa, do indivíduo, que precisa se conscientizar do autocuidado, e da equipe na qual está inserido. Também participou do debate o diretor da Contec, Gilberto Vieira.

 

Último dia de evento debateu planos e rede de atendimento e participação social

A preocupação com o aumento crescente dos gastos em saúde abriu a discussão do segundo e último dia do seminário da Anabb “CASSI – sustentabilidade e qualidade na saúde suplementar”, dia 4 de setembro, em Brasília (DF). O tema “Planos e rede de atendimento” foi apresentado pela diretora de Planos de Saúde e Relacionamento com Clientes da Caixa de Assistência, Mirian Fochi.

A incorporação de novas tecnologias e de medicamentos e materiais de alto custo dissociados de eficácia comprovada aliados ao envelhecimento populacional,  são alguns dos fatores que aumentam a demanda por serviços de saúde e elevam os custos dos planos, explicou a diretora, especialmente na CASSI, que possui ampla cobertura e abrangência nacional. “Nosso grande desafio é conciliar a despesa crescente com a receita atrelada ao reajuste salarial dos funcionários do Banco do Brasil da ativa e aposentados”, afirmou Mirian.

Para enfrentar esse cenário, a Instituição promove várias ações, como negociações com prestadores e fornecedores, melhoria de processos de trabalho, auditorias, orientações aos participantes para a melhor conduta médica e gerenciamento de sinistralidade. “Mesmo com todas essas formas de controle, não é possível conter o aumento das despesas. No futuro, será preciso discutir com os associados um novo modelo de custeio para a CASSI para garantir a sua perenidade”, avaliou.

Um dos debatedores do painel, o presidente da Associação Nacional dos Hospitais Privados (Anahp), Francisco Balestrin, afirmou que o País vive um momento de desesperança. “A ausência de boas notícias na saúde suplementar vem basicamente da falta de projetos para o setor. Ao apresentar propostas de diminuição de custos e melhoria dos serviços, a CASSI entra no caminho de atender essa necessidade de se ter um projeto de saúde”.

Outro ponto abordado pela diretora foi a rede credenciada, que está sendo readequada para tornar a oferta de serviços mais satisfatória para participante e prestador, embora exista a dificuldade de credenciamento no interior, em virtude da concentração de médicos nas capitais e grandes cidades.

Este ponto também foi discutido por Ricardo Maeda, outro debatedor do painel e  coordenador do Conselho de Usuários do Rio Grande do Sul. Em sua fala, Maeda fez uma apresentação sobre o Agente Facilitador, projeto que reúne participantes voluntários para atuar em localidades que possuem dificuldade de credenciamento. Em três anos e meio de funcionamento, a iniciativa trouxe mais de mil novos profissionais para a rede naquele Estado. “A CASSI é nossa. Se queremos saúde melhor, precisamos trabalhar para isso”, argumentou Maeda.

 

 

Vera Lúcia de Melo, presidente do Conselho Fiscal da Anabb, Miriam Fochi, Diretora de Saúde e 
Relacionamento com Clientes da CASSI, Ricardo Maeda, coordenador do Conselho de 
Usuários da CASSI RS, e Francisco Balestrin, presidente da Associação Nacional dos Hospitais Privados 

 

 

Tereza Godoy, vice-presidente de Relações Funcionais da Anabb, Luiz Gonzaga, consultor técnico do 
Conselho Nacional de Saúde, Graça Machado, Diretora de Saúde e Rede de Atendimento 
da CASSI, e a ex-conselheira da Geap, Eloá Cathi Lor

 

PARTICIPAÇÃO SOCIAL

Convidada como debatedora, a diretora de Saúde e Rede de Atendimento da Caixa de Assistência, Graça Machado, levantou a questão “A participação social nasceu na CASSI ou a CASSI nasceu da participação social?”, referindo-se à origem da Instituição, em 1944, criada pelos próprios funcionários do BB. “A CASSI é um plano de saúde que tem pertencimento”, afirmou. Para ela, o Conselho de Usuários vem se fortalecendo ao longo do tempo, o que contribui para solidificar a participação social na CASSI. “Participação social é luta e isso faz da CASSI a maior autogestão em saúde do País”. A outra debatedora, a conselheira da Geap Eloá Cathi Lor aprofundou o assunto ao apresentar um amplo panorama sobre conselhos, com características, conceitos e visões de vários estudiosos.

A palestra de apresentação do tema foi feita pelo consultor técnico do Conselho Nacional de Saúde (CNS), Luiz Gonzaga, que lembrou a importância de a seguridade social estar na Constituição Federal de 1988. De acordo com ele, os conselhos municipais, estaduais e o federal de saúde servem para debater assuntos relevantes com a comunidade. “Há vários grupos da sociedade nos conselhos, como a população indígena. Precisamos discutir universalidade, integralidade e controle social, em meio urbano ou rural. A prática e o olhar da assistência devem caminhar na direção de cuidar do ser humano”, disse ele.

“Nós temos a responsabilidade de levar aos demais conselheiros e às entidades representativas a discussão que ocorreu nesse seminário, que foi uma síntese de toda a situação vivenciada pela CASSI”, afirmou o coordenador do Conselho de Usuários de Goiás, Sérgio Dourado. O coordenador do órgão em São Paulo, Adelmo Vianna, disse ser preciso maior participação dos associados no debate sobre a CASSI. “É preciso envolvimento de todas as entidades para a construção de uma CASSI cada vez melhor e perene.”

 

Conselho de Usuário: Criado para acompanhar, divulgar e sugerir ações de proteção, promoção, recuperação e reabilitação para a melhoria da qualidade de vida dos participantes, os Conselhos de Usuários da CASSI vêm se fortalecendo na organização e na forma de atuação. Já são 25 em funcionamento nos diferentes Estados e no Distrito Federal, com a participação de associados ao Plano. Atuam para fortalecer a cultura de participação social do Plano e defender o atendimento das necessidades de saúde dos participantes, observados o Estatuto e os normativos da CASSI.
 

 

 

18/09/2013
- CASSI
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