Dono do frigorífico JBS, Joesley Batista quer recursos da Previ, da Petros e da Funcef para dobrar fábrica de celulose
Projeto está orçado em R$ 7,5 bi; empresário vai pedir ao BNDES empréstimo de parte dos R$ 4,7 bi restantes
DAVID FRIEDLANDERDE SÃO PAULO
O empresário Joesley Batista, do frigorífico JBS, está pedindo R$ 2,8 bilhões aos fundos de pensão Previ (dos funcionários do Banco do Brasil), Petros (Petrobras) e Funcef (Caixa Econômica) para dobrar o tamanho da Eldorado, indústria de celulose controlada por sua família.
O projeto todo está orçado em R$ 7,5 bilhões. Para fechar a conta, além dos recursos das fundações, o empresário pretende conseguir financiamentos de R$ 4,7 bilhões no BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e num fundo de desenvolvimento regional.
A J&F, que controla as empresas da família Batista, confirmou as negociações com os fundos, mas não deu detalhes.
Com bom trânsito no meio político, Joesley ganhou fama pela habilidade para convencer parceiros ligados ao governo, como o BNDES e os fundos de pensão de estatais. O JBS, carro-chefe do grupo, tornou-se o maior frigorífico do mundo graças à ajuda financeira de cerca de R$ 10 bilhões que recebeu do BNDES nos últimos anos.
Na Eldorado, a maior novidade é a investida sobre a Previ, parceira dos sonhos de Joesley. Segundo a Folha apurou, a intenção é que a fundação entre com R$ 1,4 bilhão e se torne a mais nova sócia da companhia.
A Petros e a Funcef, que já são acionistas da Eldorado, entrariam no aumento de capital com mais R$ 700 milhões cada e aumentariam a participação. Somadas, elas têm hoje 16% da empresa.
Se a ideia for adiante, a Eldorado vai dobrar de tamanho sem que a família Batista coloque dinheiro na operação. A fatia de mais de 80% dos Batista vai diminuir de tamanho, mas eles continuarão no controle.
A primeira fase da Eldorado, inaugurada em dezembro de 2012, custou R$ 6,2 bilhões e já contou com apoio dos mesmos BNDES, Petros e Funcef. O banco concedeu um financiamento de R$ 2,7 bilhões e as fundações entraram com R$ 500 milhões.
A entrada da Previ seria também a solução para um segundo problema. Pela estrutura societária atual, a Petros e a Funcef já atingiram o limite do que podem investir na Eldorado.
Se a Previ colocasse dinheiro novo na operação, o capital da empresa aumentaria e isso permitira que as outras duas fundações aumentassem sua participações.
A Folha apurou que a ideia foi apresentada às fundações no ano passado. Na Previ, não houve desdobramentos até agora. A Petros e a Funcef aguardam a decisão da Previ para se posicionar.
Procuradas, a Previ e a Petros não quiseram se manifestar. A Funcef informou que aguarda o detalhamento do projeto para avaliá-lo.
A intenção de Joesley é que a segunda linha de produção da Eldorado, localizada em Três Lagoas (MS), comece a operar em 2017, aumentando a capacidade de produção de 1,7 milhão para 3,5 milhões de toneladas por ano.
A celulose é a aposta mais recente de um grupo que começou 60 anos atrás com um açougue em Goiás e se transformou no maior fornecedor de carne do mundo.
Nos últimos anos, os Batista mergulharam num processo de diversificação e passaram a produzir artigos de higiene e beleza, cosméticos, leite e derivados, e controla o Banco Original. No ano passado, o grupo faturou algo em torno de R$ 100 bilhões.