Previ e Valia já pensam em investir no exterior

 A Previ já pensa em estender seus negócios além das fronteiras do país para garantir bons retornos, num cenário doméstico de queda de juros.
Renê Sanda, diretor de investimentos da Previ, defende que a fundação possa fazer investimentos no exterior a partir de 2013, pois teme que após a criação do Funpresp, mega fundo de pensão do funcionalismo público, que será um grande investidor institucional, o mercado doméstico se torne pequeno para cobrir as necessidades atuariais da fundação.
"Inicialmente, seria uma aplicação pequena, como um treinamento para nos adaptarmos a uma nova cultura no nosso portfólio. Mas tudo vai depender da aprovação do conselho", disse ao Valor. A novidade deve ser levada à apreciação do conselho deliberativo, órgão máximo da fundação, que aprovará até o final do ano o plano de investimento para 2013.
A possibilidade das entidades de previdência fechada investirem no exterior foi aberta pelo órgão regulador, a Previc, há dois anos. Até agora, nenhum deles ousou ir tão longe. Segundo as novas regras, o valor a ser aplicado pela fundação lá fora deve ser limitado a 10% do total investido pela entidade e por meio de fundos, com participação máxima de 25% para cada cotista. Para concretizar esta estratégia, a Previ tem que fazer parceria com mais três entidades, destacou Sanda. "É um movimento que já aconteceu em países como o Chile e a Holanda, e que para nós teria sentido de diversificação e redução de riscos", enfatizou.
Apesar de já contar com uma carteira de ações de R$ 90 bilhões, 60,1% de todo o valor investido pela Previ, Sanda planeja aumentar esse portfólio no novo ambiente de negócios do país. O limite de aplicação em ações é de 70% para os fundos de pensão. No primeiro semestre, a aplicação no mercado de capitais teve rendimento negativo, mas no longo prazo é visto pelos fundos como um grande investimento. Nos últimos dez anos até 2011, as aplicações da Previ em ações acumularam uma rentabilidade de 717,18%.
"Estou otimista em relação ao mercado de capitais e acho que vai deslanchar a partir de 2013 com novos IPOS [oferta inicial de ações, na sigla em inglês]. Estamos abertos a adquirir papéis de empresas com atuação forte no mercado interno de consumo e varejo e nas que paguem bons dividendos", disse o diretor de investimento da Previ. Dos R$ 6 bilhões que a fundação paga anualmente de benefícios aos participantes do Plano 1, de benefício definido, 50% são oriundos de dividendos que recebe das empresas.
Ainda na renda variável, a Previ terá que começar, em 2013, a trabalhar para enquadrar participações que possui em blocos de controle de empresas e que extrapolam as restrições regulatórias da Previc. Isto pode mexer com o mercado.
O regulamento dos fundos determina que essas entidades podem ter no máximo 25% de uma empresa e, em valor, nenhuma empresa pode ultrapassar 10% do total da carteira. Hoje, a Previ tem 49% na Neoenergia, 31,02% na CPFL, 35,61% na Fundição Tupy e 25,06% na Invepar. O caso mais sério de enquadramento, porém, é o da Vale. As ações da mineradora em mãos da Previ valem R$ 35 bilhões, correspondentes a 38,9% do valor da carteira de ações da fundação.
A Previ é o maior acionista da Litel, uma empresa de propósito especial que detém 49% da Valepar, a holding de controle da Vale, e quase 15% do capital total da mineradora. Esse enquadramento tira o sono da Previ. O acordo entre o fundo de pensão e a Previc é de enquadrar essas empresas até 2014.
O diretor de investimento da Previ estuda várias alternativas para fazer o enquadramento. No caso das participações acima de 25%, pode desinvestir, diluir participações em operações de aumento de capital, trocar ações ou vender no mercado. "A gente está querendo cumprir o que a Previc determinou sem redução do nosso patrimônio. No caso da Vale, estamos examinando diversas situações. Mas está descartada a possibilidade de vender Vale a preço baixo para atender o regulador", afirmou.
O mercado imobiliário é outra alternativa de investimentos para a Previ, no mundo dos juros baixos. Imóveis deram a maior rentabilidade para o fundo no primeiro semestre, de 17,17%. O plano é comprar imóveis de grande porte para escritórios e shoppings diretamente.
No mesmo jornal, mas em texto separado, vem a notícia de que Mauricio da Rocha Wanderley, diretor de investimentos e finanças da Valia, afirmou que a instituição deu importante passo em busca da diversificação de seus ativos para obter melhores retornos. Em seminário promovido pela Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar (Abrapp) ele contou que foi estruturada uma área que vai cuidar dos investimentos globais, com um time que iniciou estudos para que o fundo faça investimentos em ativos no exterior – ele espera que as primeiras alocações aconteçam no ano que vem.

 

01/10/2012
- Valor
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