Presidente da BRF renuncia após 4 meses

Presidente da BRF renuncia após 4 meses

 

A BRF, dona das marcas Sadia e Perdigão, terá de procurar seu quinto presidente em cinco anos. O engenheiro José Aurélio Drummond Jr. renunciou ao cargo que havia assumido há apenas quatro meses. O atual diretor financeiro, Lorival Luz Jr., acumulará as funções até que um novo executivo seja escolhido para o posto, segundo comunicado divulgado ontem pela companhia de alimentos. 

A saída de Drummond ocorre poucos dias após os principais acionistas da empresa convidarem o presidente da Petrobrás, Pedro Parente, para comandar o novo conselho de administração da BRF em substituição a Abilio Diniz. A composição do colegiado será escolhida em assembleia de acionistas nesta quinta-feira, dia 26.

 A decisão de Drummond foi motivada por sinais de que o executivo acabaria sendo substituído, segundo relato de duas fontes ligadas à BRF. Isso porque Parente chegará à chefia do conselho com mandato para redefinir a estratégia da empresa, o que se chocaria com a visão já apresentada por Drummond para a companhia.

 Trata-se de novo revés para a empresa, que nos últimos anos experimenta enorme rotatividade entre seus principais executivos, especialmente nos cargos do primeiro escalão. Desde 2013, quando Abilio assumiu a presidência do conselho de administração com apoio da Tarpon (gestora que tem hoje cerca de 7% das ações da BRF), foram mais de duas dezenas de mudanças somente nas vicepresidências da companhia.

 Abilio, que foi decisivo para a eleição de Drummond no ano passado, vinha movimentando- se para mantê-lo no posto. A permanência do engenheiro era um dos pleitos do empresário nas negociações com os fundos de pensão do Banco do Brasil (Previ) e da Petrobrás (Petros) sobre a composição do novo conselho de administração.

 Maior exportadora de frangos do mundo, a BRF registrou prejuízo em 2016 e 2017 e vive aguda crise em seus negócios com decisões comerciais desastradas, perda de espaço para rivais no mercado interno e o bloqueio a vendas no exterior após ser alvo por duas vezes da Operação Carne Fraca.

 Procurados, Petros, Península e Tarpon não comentaram.

 Previ não retornou.

 PARA LEMBRAR

 Há quase dois meses em disputa aberta pelo comando da gigante de alimentos, os maiores acionistas da companhia – Abilio Diniz, Tarpon e os fundos Previ e Petros – entraram em acordo na semana passada sobre o nome do presidente da Petrobrás, Pedro Parente, para comandar conselho da companhia. Em jogo está a condução da estratégia de negócios da companhia, que vive uma profunda crise.

 Desde 2016, a empresa apresenta prejuízo, foi alvo de escândalos, como a Operação Carne Fraca, vem sofrendo restrições à venda no exterior e perdendo espaço no País.

 Avaliada em R$ 18,7 bilhões, a empresa já perdeu R$ 13,7 bilhões em valor de mercado nos últimos 12 meses.

 

 

25/04/2018
- O ESTADO DE S. PAULO - SP
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