Para o Brasil, riscos maiores são internos – MAIS ECONOMIA

Para o Brasil, riscos maiores são internos – MAIS ECONOMIA

 As duas últimas semanas foram de atenção redobrada às crises no Exterior e análises sobre possíveis consequências para o Brasil, mas não se pode perder de vista que, para o país, o mais importante é dar celeridade à solução de problemas internos. Enquanto se especula o impacto do calote grego e o estouro de uma possível bolha na bolsa da China, por aqui as expectativas quanto aos principais indicadores econômicos não param de piorar. 

Por mais importante que a China seja para o Brasil, por ser nosso segundo parceiro comercial, a maior parte das análises vê um risco limitado de contágio devido às particularidades do mercado financeiro do gigante asiático, conduzido a mão de ferro pelo governo – que para estancar a sangria ontem simplesmente mandou os grandes investidores pararem de vender ações. 

Enquanto isso, no Brasil, o Banco Central (BC) ministra doses cada vez maiores de juro, remédio amargo contra a inflação, mas a febre dos preços resiste. Sem luz no fim do túnel, o medo de perder o emprego mina confiança, retrai o consumo e tem um impacto na atividade até maior do que a taxa atual de desocupação sugere. Ao mesmo tempo, as apostas para a retração do PIB só aumentam. 

Com uma rápida recorrida nos indicadores monitorados pelo Boletim Focus, do BC, o economista-chefe da Geral Investimentos, Denilson Alencastro, conclui que o encerramento do primeiro semestre foi marcado pela piora das perspectivas. Com a degradação do cenário, também alimentada pela queda da arrecadação e derrotas do governo no Congresso, além do risco de rebaixamento de rating do país, fica cristalizada a percepção de que a recuperação da economia virá somente em 2017. E que as maiores preocupações para o Brasil estão mesmo mais no próprio país, e não no front externo. 

Interesse gaúcho 

A Agência Nacional do Petróleo (ANP) confirmou ontem que 17 empresas de oito países manifestaram interesse em participar da 13ª rodada de licitações de áreas para exploração e produção no país. O certame está marcado para o dia 7 de outubro. O interesse gaúcho se deve à inclusão de blocos na Bacia de Pelotas, no sul do Estado.

Mobilização por usina 

Diante do risco de fechamento da termelétrica da Tractebel no final do ano, ameaçando cerca de 2 mil empregos, ontem foi dia de mobilização em Charqueadas. Após carreata e ato em frente à usina, uma audiência pública discutiu alternativas para manter a operação. Uma saída é mudar resolução da Aneel relacionada à eficiência que inviabiliza a continuidade da usina. 

A pouco mais de uma semana da reabertura da embaixada americana em Cuba, o órgão oficial de pesquisa do país caribenho informou que a chegada de turistas em maio aumentou 21,1% em comparação com o mesmo mês de 2014. 

O número de visitantes superou 237 mil, marca recorde em 15 anos. 

DEFAULT SUAVIZADO 

Em meio a tantas expectativas pouco alvissareiras, uma traçada em meados do ano passado não se confirmou – pelo menos para o Rio Grande do Sul. Prestes a completar um ano, o default parcial da Argentina, no final do julho de 2014, não levou a uma queda ainda maior das exportações gaúchas para o país vizinho. Devido ao histórico de relações comerciais estimuladas pela proximidade, à época se esperava que o Estado sofresse proporcionalmente mais do que o restante do Brasil com o drama argentino e reflexos na economia. 

A despeito das preocupações, as vendas gaúchas para a Argentina encerraram o primeiro semestre em US$ 625,8 milhões, apenas 4% abaixo dos seis meses iniciais de 2014. O Brasil, enquanto isso, teve tombo maior, da ordem de 13%, equivalente a quase US$ 1 bilhão. 

Um dos trunfos do Estado parece ter sido a renovação do acordo automotivo entre Brasil e Argentina em junho do ano passado, destrancando os negócios. De automóveis a tratores, a exportação gaúcha de veículos cresceu 21% e chegou a US$ 191,1 milhões entre janeiro e junho de 2015.

13/07/2015
- ZERO HORA - RS
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