Os planos de previdência privada aberta oferecidos por grandes bancos e seguradoras possuem vantagens e desvantagens. As vantagens são alardeadas por aqueles que lucram com o sistema. Já as desvantagens não são divulgadas com o mesmo entusiasmo e clareza. Os pontos negativos a população descobre na prática quando já é tarde demais.
Recentemente uma juíza de Itajaí (SC), julgou procedente ação proposta por uma consumidora contra um grande banco público, para declarar inválido, nulo e rescindido um contrato firmado para a aquisição de plano de previdência privada.
O banco induziu a cliente de 64 anos a acreditar em diversas vantagens que teria investindo seus únicos R$ 250 mil em um plano de previdência privada. A cliente acreditando na boa-fé do banco renomado aceitou a proposta. Só depois de assinar o contrato ficou sabendo que só poderia sacar o dinheiro sem prejuízos se fizesse isto com 99 anos de idade.
Sim. As pessoas assinam contratos sem ler porque muitos ainda acreditam na boa-fé dos outros. E muitas instituições sabendo disto facilitam o acesso e o entendimento de informações vantajosas através de panfletos, cartazes, cartilhas e anúncios, e deixam as desvantagens no contrato repleto de termos jurídicos incompreensíveis. E isto é feito de forma proposital.
Existem instituições que se aproveitam da falta de educação financeira das pessoas para vender produtos complexos como previdência privada. Deixam de lado os princípios da probidade e da boa-fé contratuais. Vendem fazendo simulações utópicas e extremamente otimistas de rendas futuras, apresentam informações incompletas, obscuras e difíceis de entender.
Veja 8 motivos para não fazer uma previdência privada aberta:
1) Previdência privada é poupança forçada que engessa seu patrimônio tirando sua liberdade sobre seu próprio dinheiro ao longo do tempo.
2) Previdência privada tem baixíssima rentabilidade graças a cobrança de elevadas taxas de carregamento e taxas administrativas absurdamente altas. Existem planos com taxa administrativa de 3% ao ano e taxa de carregamento de 10% para pequenas aplicações mensais. Para quem faz aportes mensais por décadas estes custos beiram a imorais. Somente grandes fortunas pagam taxas menores. Só que donos de grandes fortunas não precisam de previdência privada.
3) Recentemente avaliei os resultados de 78 planos de previdência diferentes da seguradora de um dos maiores bancos do país. Somente 3 planos ganharam da Caderneta de Poupança nos últimos 12 meses. 31 deles tiveram rentabilidade negativa. As pessoas pagaram para perder dinheiro. Se tivessem guardado embaixo do colchão teria sido mais vantajoso. Nenhum plano superou o CDB e títulos públicos mesmo com taxa Selic baixa nos últimos 12 meses. Os resultados nos últimos 36 meses também foram péssimos. Quem aprenda a gerenciar o próprio dinheiro tem a liberdade de escolher os melhores investimentos mesmo em tempos de crise.
4) Previdência não está livre de riscos. Se para aplicações em CDB, poupança, fundos de Investimento, operações compromissadas, letras de câmbio, letras hipotecárias, letras imobiliárias e letras de crédito imobiliário você tem a proteção do Fundo Garantidor, na previdência privada não existe este tipo de garantia. Se a seguradora quebra você perde seu dinheiro ou precisa esperar decisões da justiça. As entidades que fiscalizam bancos e seguradoras são muito úteis e eficientes mas isto não impede falências. Basta verificar quantas seguradoras e bancos faliram nas últimas décadas. (saiba mais)
5) Previdência e liquidez. Existem planos com carência e penalidades para quem precisa sacar parte ou a totalidade do que foi investido. Se você não precisa de liquidez hoje pode precisar amanhã diante de uma urgência.
6) No momento de vender o plano de previdência as projeções são maravilhosas e extremamente otimistas. Muitas vezes desconsideram o impacto da inflação e projetam taxas de juros utópicas para impressionar o cliente desprovido de informação e conhecimento. A falta de transparência de algumas empresas é proposital com objetivo de aumentar as vendas mesmo que isto gere expectativas distorcidas no consumidor.
7) Benefícios fiscais para previdência PGBL é vantajoso para quem faz declaração completa hoje. As pessoas não pensam que no decorrer de décadas nem sempre será vantajoso fazer a declaração completa. Se hoje PGBL é uma boa opção será que amanhã a VGBL não será melhor? E não existe portabilidade que permita migrar um PGBL para VGBL ou vice-versa. Muita gente possui plano PGBL e não usa o benefício fiscal e isto vai representar pagamento de impostos elevados no futuro. No VGBL não há dedução no Imposto de Renda. Por outro lado, o IR é aplicado somente sobre o ganho de capital o que pode ser vantajoso. Quando o assunto é PGBL muitos confundem o benefício fiscal com isenção de imposto.
8) O plano de previdência com determinadas características pode oferecer boa rentabilidade hoje e uma rentabilidade péssima no futuro e estes ciclos podem se alternar várias vezes porque a cenário econômico está sempre mudando. Sim. Existe a portabilidade. Mas será que as pessoas realmente fazem portabilidade? Muitas nem sabem que existe esta opção. Tendo controle sobre seu dinheiro você pode movimenta-lo para o melhor investimento da atualidade. Pode diversificar seus investimentos para diluir riscos. Quando as tendências mudam você também muda e realoca seus ativos para a configuração mais vantajosa. Muitos fazem previdência privada e esquecem o dinheiro lá e isto é um erro. O prejuízo será amargado no futuro.
Bônus: Quem escolhe receber o benefício através de "renda vitalícia" nem sempre sabe que no caso de morte o dinheiro fica para a seguradora. Ele passa a fazer parte da reserva técnica da seguradora. A sua família perde o dinheiro que você demorou tanto tempo para acumular. O ideal é sacar o saldo ou optar pela "Renda por período determinado".
As pessoas deveriam buscar conhecimento para cuidar do seu próprio dinheiro. Existem cursos, livros, sites na internet, vídeos. Não saber cuidar do dinheiro hoje em dia é opção. Quem não sabe paga caro para os outros cuidarem, e muitas vezes pagam caro para o dinheiro ser mal cuidado.
Cada um deveria se preocupar com a construção e a gerencia da própria riqueza buscando conhecimento para não depender de terceiros.
Investir na sua educação financeira é o melhor a fazer para garantir uma aposentadoria prospera e independente financeiramente.
(Leandro Ávila – Administradores)
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