JHSF paga R$ 450 milhões em dívida

 A JHSF Participações deve gastar R$ 450 milhões dos R$ 650 milhões obtidos com a venda de fatia de shoppings de sua controlada, a JHSF Malls, para reduzir endividamento bruto. Desses R$ 450 milhões, R$ 300 milhões serão pagos ao Bradesco e ao Banco do Brasil – uma parcela deste total foi quitada dias atrás. Esta informação consta em ata de assembleia publicada na noite de segunda-feira.

 Há alguns anos, a empresa tenta reduzir seu endividamento, após a dívida ter atingido R$ 2,7 bilhões em 2015 e a relação entre dívida e lucro operacional ter superado cinco vezes ao fim daquele ano. A companhia foi afetada pela crise, num período em que ajustava sua estratégia, deixando de ser um negócio com foco em incorporações para atuar em shoppings, hotéis e restaurantes. A expectativa de uma maturação maior dos ativos acabou afetada pela recessão.

 A venda de participações nos shoppings deve reduzir a alavancagem da empresa – com efeito positivo nas despesas financeiras – no balanço do quarto trimestre. Um volume menor de recursos, provavelmente não superior a R$ 100 milhões, apurou o Valor, deve entrar no caixa.

 A operação de venda de parte dos quatro empreendimentos à XP Malls Fundo de Investimento Imobiliário foi concluída neste mês.

 Em junho de 2018, após uma reestruturação de débitos com bancos no fim de 2017, a JHSF informou acumular dívida líquida de R$ 1,12 bilhão, 26% acima do ano anterior. Para efeito de comparação, o Ebitda era de R$ 80 milhões até junho. O Ebitda mede lucro antes de juros impostos amortização e depreciação, e neste ano está 77% acima de 2017.

 Segundo uma fonte do setor, o melhor desempenho do Ebitda pode ter pesado favoravelmente para que a venda à XP fosse fechada em R$ 650 milhões, após o negócio já ter sofrido um ajuste nos valores. Inicialmente, a JHSF esperava receber R$ 745 milhões.

 No entanto, com a venda de parte dos ativos, o Ebitda reportado da empresa daqui para frente pode ser menor nos próximos balanços. "Com a venda, a empresa tende a ter um "NOI" menor [sigla de lucro operacional no setor] e para equilibrar isso deve ter que reduzir despesas", diz um analista que não quis se identificar.

 Segundo ata de assembleia de debenturistas publicada na noite de segunda-feira, que detalha aspectos da venda dos ativos, o Bradesco deve receber cerca de R$ 120 milhões e o Banco do Brasil, no mínimo R$ 180 milhões. Com essa transação concluída, a empresa diz que até R$ 100 milhões deverão ser usados pelo Grupo JHSF para o pagamento de impostos e despesas com a operações de venda dos shoppings e securitização.

 Ao se descontar os R$ 450 milhões do total de R$ 650 milhões recebidos, restam R$ 200 milhões. Deste saldo, a empresa informa que destinou cerca de R$ 110 milhões para uma operação de compra de cotas do fundo da XP Malls, o mesmo que adquiriu parcela minoritária dos empreendimentos da companhia.

 Isso pode ter ocorrido porque a JHSF deve ter aceitado receber parte do pagamento da venda em cotas. A administradora do fundo, BTG Pactual Serviços Financeiros, informou em material a investidores, que estima que o resultado operacional do fundo a ser distribuído aos cotistas será de R$ 37,5 milhões nos próximos 12 meses (valor líquido).

 Apesar de os números indicarem que não há sobra considerável sobre os R$ 650 milhões, a JHSF afirma na ata que usará o saldo para expansão de shopping centers e para a conclusão da atual fase do Aeroporto Executivo Catarina.

 A JHSF concluiu a venda de participações minoritárias em quatro empreendimentos em operação, sendo 16,99% do Shopping Cidade Jardim, 32% do Catarina Fashion Outlet, 49% do Shopping Bela Vista, 49,99% do Shopping Ponta Negra e 30% do projeto chamado "Shops", em fase de implantação.

 A ação da companhia fechou o pregão de ontem na B3 com alta de 7,8%, a R$ 1,66, chegando a subir até 13%. A corretora XP Investimentos liderou volume de compra e venda dos papéis ontem.

25/10/2018
- VALOR ECONÔMICO -SP
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