O começo nem foi muito promissor, mas o Banco do Brasil já ultrapassou o bicentenário. Criado em 1808, com a chegada da Corte Portuguesa ao país, o banco chegou a ficar quase trintaanos de portas fechadas quando Dom João VI voltou a Portugal levando consigo até a última moeda de réis dos cofres da instituição. O BB, que só foi recriado anos depois pelo Barão de Mauá, tem hoje uma carteira de 55 milhões de clientes, mais de R$ 1 trilhão em ativos e abriga 62 empresas.
"Se há algo que o Banco do Brasil soube fazer nesses duzentos anos foi se reinventar", diz Dan Conrado, vice-presidente de varejo, distribuição e operações. "O BB é um banco que não olha só pelo retrovisor."
Há pouco mais de uma década, eram 5 milhões de correntistas, dez vezes menos. Há apenas três anos os ativos somavam R$ 500 bilhões, metade do que são hoje. O guarda-chuva do conglomerado BB abrigava 30 empresas, menos da metade.
"De lá para cá incorporamos o Banco do Estado de Santa Catarina (Besc), o Banco do Piauí e a Nossa Caixa, de São Paulo. Compramos também o Banco da Patagônia, na Argentina, e o Eurobank, na Flórida", afirma o diretor de estratégia e operações, Marco Antonio Mastroeni.
O Banco do Brasil também soube renovar-se em momentos críticos. Em 1964, quando quase fechou as portas por causa da criação do Banco Central, que assumiu o papel de emissor de moeda, o BB cresceu como instituição de varejo, por meio de um processo de mecanização e da adoção de produtos como o cheque ouro – precursor do cheque especial. Quando a instituição perdeu a conta movimento, em 1986, partiu para a diversificação com a criação da poupança ouro, para fomentar a agricultura, e do cartão múltiplo Ourocard.
Em 1989 partiu para uma reformulação do marketing cultural com a criação do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB). Em seguida apostou no esporte, com apoio ao vôlei, para renovar a sua base de clientes de alta renda.
O desafio da renovação está presente novamente com o processo de expansão da instituição e com o programa "Bom Para Todos", de redução das taxas de juros do crédito bancário incentivado pelo governo. O resultado foi uma expansão de quase 50% na concessão de crédito em abril. "Foi bom não só para o banco, mas para todo o mercado. Mesmo o cliente que não tomava crédito agora está realizando alguns projetos e fazendo empréstimo no Banco do Brasil", afirma.
"Esse espírito de inovação sempre foi marcante na atuação do BB. Foi assim em 1941, quando dezesseis funcionários do banco foram convocados para a Segunda Guerra pelo general Mascarenhas de Moraes", lembra o diretor de relacionamento com os clientes, Hideraldo Dwight. Na frente de batalha, o gerente ganhou patente de oficial superior e os demais colegas, de praça. A missão do grupo era ajudar no pagamento dos pracinhas que não podiam deixar o campo de batalha para ir à agência conferir o depósito de seus soldos. "Como não podiam levar os livros contábeis para o fronte, o pessoal do BB criou um livrinho para os soldados acompanharem suas economias. Foi a origem da caderneta de poupança", conta Dwight. (PV)