Envelhecimento exige antecipação de ações Em audiência no Senado, avaliação
é de que País deve se preparar para que as pessoas cheguem mais saudáveis
aos 60 e se mantenham ativas após aposentadoria
O Brasil deve se preparar para o envelhecimento da população antecipando
ações para que as pessoas cheguem cada vez mais saudáveis aos 60 anos e se
mantenham ativas e inseridas socialmente após a aposentadoria. A avaliação
foi feita nesta quinta-feira por participantes de debate promovido pela
Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa do Senado (CDH).
Conforme dados apresentados na audiência, o número de pessoas com mais de 60
anos no País vai saltar de 20 milhões, atualmente, para cerca de 73,5
milhões em 2060. "Hoje uma em cada dez pessoas é idosa. Em 2060, teremos um
idoso em cada três pessoas", informou Emanuel de Araújo Dantas, coordenador
de Estudos Previdenciários do Ministério da Previdência Social.
De 1960 a 2010, em apenas 50 anos, portanto, a expectativa de vida do
brasileiro saltou de 48 anos para 73 anos, conforme o representante da
Previdência Social. "Por outro lado, o número médio de filhos por mulher
caiu de 6,3 filhos para 1,9, valor abaixo do nível de reposição da
população. Essas mudanças alteraram a pirâmide etária, refletindo a
estrutura de população mais envelhecida, característica dos países mais
desenvolvidos", disse.
Expectativa maior
Emanuel Dantas acrescentou que a expectativa de vida deve atingir 81,2 anos
em 2060. Essa mudança tem reflexos diretos nas contas da Previdência, a
partir da redução da relação entre a população economicamente ativa e a
parcela de aposentados, o que vai exigir novas políticas para garantir a
sustentabilidade do sistema.
Ao lado de novos modelos de seguridade social, Emanuel Dantas chamou atenção
para a necessidade de ações que proporcionem um envelhecimento ativo e o
maior protagonismo das pessoas idosas. A opinião foi compartilhada por
Martha Oliveira, da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), que pediu
uma nova maneira de compreender o envelhecimento, atuando de forma
preventiva para reduzir as doenças e garantir uma melhor qualidade de vida
aos idosos. Ela disse que muitas vezes o idoso apresenta múltiplas
patologias e frequenta uma variedade de especialistas, cada um deles focado
no problema específico da sua área. O grande desafio, afirmou, é buscar o
atendimento de forma integral, por meio de profissionais capazes de
centralizar e organizar o cuidado às pessoas com mais de 60 anos.
Essa orquestração poderia ser feita por geriatras, mas há falta desses
profissionais, disse Cleusa Faustino do Nascimento, diretora da Federação
Nacional dos Sindicatos dos Trabalhadores em Saúde, Trabalho, Previdência e
Assistência Social. Ela defende a criação de centros de geriatria nos
municípios, para fortalecer a ação preventiva no atendimento aos idosos.
>>>É proposta da Chapa TODOS PELA CASSI: "Criação de Centros de
>>>Convivência para promoção da saúde da pessoa idosa"<<<
O advogado Diego Monteiro Cherulli, que representou a Federação dos
Aposentados e Pensionistas de Brasília, também defendeu a criação de centros
de atenção ao idoso, para atendimento à saúde física desta parcela da
população, mas que também se preocupe com os cuidados com a mente e o
intelecto, instigando-os a ficar ativos e prevenindo doenças. "A federação
defende programas para o futuro, não imediatistas, com segurança e qualidade
de vida e com o suporte necessário", disse.
Cherulli também defendeu o projeto do senador Paulo Paim (PT-RS) que permite
o instituto da "desaposentação". Hoje, disse ele, a maioria dos idosos vive
com renda média de R$ 1.500 e precisa voltar a trabalhar, contribuindo mais
uma vez para a Previdência Social, mas sem se beneficiar disso. O advogado
defende uma revisão da aposentadoria, levando em consideração esse novo
período de pagamentos no recálculo, e reclamou ainda dos reajustes
praticados pelos planos de saúde, quase sempre em percentuais muito mais
elevados que os determinados pela Agência Nacional de Saúde Suplementar.
Ações em prática
Neusa Pivatto Müller, da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da
República, listou ações postas em prática pelo governo em benefício dos
idosos, como a reserva de unidades residenciais no programa Minha Casa,
Minha Vida, a atenção à saúde e ações como a prioridade na análise de
processos na justiça, iniciativas até mesmo copiadas por outros países. Ela
lembrou ainda que a presidente Dilma Rousseff assinou, no ano passado, um
decreto para integrar políticas em prol dos idosos, o chamado Compromisso
Nacional para o Envelhecimento Ativo.
Outra iniciativa mencionada por Neusa Pivatto Müller é a elaboração da
Convenção de Direitos da População Idosa, no âmbito da Organização das
Nações Unidas (ONU). Ela informou que houve um crescimento no número de
denúncias de casos de violência contra idosos pelo serviço Disque Direitos
Humanos (Disque 100), demonstrando que a sociedade hoje se importa com o bem
estar deles. Desde 2011 até agora, foram 77 mil denúncias de violação de
direitos, negligência e maus tratos.
No entanto, ela não negou a necessidade de aperfeiçoamento na política para
os idosos, como a criação de programas para pessoas com mais de 80 anos,
dado o crescente envelhecimento e longevidade da população brasileira. Além
disso, são necessárias mais iniciativas na área de educação, nas atividades
físicas para estimular uma vida saudável e na atenção ao aposentado do
campo, que sofre de solidão e isolamento.
Neusa também mencionou a necessidade de atenção, proteção e garantia de
direitos ao idoso LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgêneros) e
principalmente, da valorização do papel da pessoa idosa na sociedade, o que
também contribuiria para a diminuição da exploração e da violência. E
mencionou ainda a necessidade de se garantir o direito à afetividade dos
idosos, muitas vezes impedidos por sua família ou cuidadores de amar, ter um
parceiro e até mesmo de se relacionar sexualmente. "Somos violadores do
direito ao afeto", disse. Também participou da audiência o diretor da Geap
(Fundação de Seguridade Social), gestor de plano de saúde do funcionalismo
público, Luis Carlos Saraiva.
Fonte:
http://www.unidas.org.br/envelhecimento-exige-antecipacao-de-acoes-/48545/de
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