Empresas começam a pedir prêmios de seguros de volta – COLUNA BROADCAST

 A Operação Lava Jato está gerando um movimento atípico no mercado de seguros brasileiro: o de devolução de prêmios já pagos. O motivador são as obras que foram paralisadas após o início das investigações por conta de indícios de corrupção em grandes projetos. Como não foram em frente, as empresas responsáveis cobram das seguradoras o valor que pagaram para segurá-las. Um dos processos em andamento é o da usina nuclear de Angra 3. A Eletronuclear move uma ação de cobrança, a qual a Coluna teve acesso, contra a seguradora alemã Allianz para reaver mais de R$ 128 milhões.

 » Como tudo começou. Originada em um projeto do período militar, Angra 3 começou a ser construída em 1984 e foi retomada em 2009, no âmbito do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). No entanto, com a evidência de desvios de recursos no projeto e prisões de executivos da Eletronuclear, as obras foram paralisadas.

 » Sem sucesso. A Eletronuclear tentou estender a apólice de Angra 3, visto que o projeto não ia ser concluído no prazo do seguro já contratado.

 Para isso, a Allianz cobrou mais quase R$ 86 milhões, além dos cerca de R$ 74,4 milhões que já haviam sido pagos. Sem chegar num consenso com a seguradora depois de idas e vindas, a Eletronuclear desistiu de estender o seguro e tenta, agora, reaver o que pagou. Uma perícia na obra de Angra 3 foi iniciada neste mês, no âmbito da ação de cobrança movida pela empresa. Procurada, a Allianz não comentou.

 » Deu bom. A Sete Brasil, em recuperação judicial, já foi bem sucedida em processo semelhante ao da Eletronuclear. A empresa cobrou extrajudicialmente o consórcio responsável pelo seguro de algumas sondas não concluídas e recebeu de volta a maior parte dos prêmios pagos.

 A seguradora líder da apólice é a Chubb, que ainda sob o nome Ace adquiriu a carteira de grandes riscos do Itaú, até então responsável pelo contrato, em parceria com o Bradesco, a espanhola Mapfre e a canadense Fairfax.

 » Espreme. Mas a Sete Brasil quer mais. A empresa ainda espera reaver recursos gastos com comissionamentos para corretores de seguros e resseguros que, no seu entendimento, foram sobretaxados.

 » Para frente. Mesmo com os efeitos da greve dos caminhoneiros em maio, a BBM Logística viu seu faturamento crescer 56% no primeiro semestre deste ano em relação ao mesmo intervalo de 2017, para R$ 253 milhões. Agora, depois de finalizar a integração das companhias adquiridas no início do ano, a Transeich Assessoria e Transeich Armazéns Gerais, a BBM retornará ao mercado para uma nova compra, de olho em se expandir. A previsão da companhia é encerrar o ano com receitas de R$ 700 milhões, o dobro da cifra vista em 2017. Com isso, a meta de alcançar um faturamento de R$ 1 bilhão em 2022 deve ser antecipada.

 Para dar suporte à expansão, a BBM prevê investimentos anuais de US$ 50 milhões nos próximos quatro anos.

 » Ordem na casa. Desde o início de reestruturação em 2015, a direção da companhia foi profissionalizada e foi constituído um conselho de administração.

 A nova fase foi marcada ainda pela injeção de capital pelo fundo Stratus, há um ano.

 » Seleção. A Cielo contratou a Korn Ferry, de recrutamento de executivos (headhunter), para ajudar na escolha do seu novo presidente. O trabalho da consultoria, porém, será diferente de outros processos, uma vez que uma lista com potenciais candidatos a CEO já foi preparada pelos sócios controladores, Bradesco e Banco do Brasil. Assim, o esforço da Korn Ferry, que já prestava serviços para a Cielo em outras seleções, estará centrado na análise dos nomes selecionados.

 » Checklist. Dentre os cotados para presidir a líder do setor de adquirência no Brasil, está o presidente da Bandeira Elo, Eduardo Chedid.

 Na gestão de Rômulo de Mello Dias, atualmente no Uol, que controla a PagSeguro, o executivo era visto como o "segundo homem" da Cielo. Além disso, seu nome tem ganhado, a cada dia, mais força nos corredores da companhia. Outros possíveis candidatos incluem o presidente da Alelo, Raul Moreira, e ainda o presidente da Livelo, programa de fidelidade de Bradesco e BB, Alexandre Rappaport.

 » O tempo urge. O executivo escolhido vai suceder Eduardo Gouveia, que renunciou ao cargo de CEO da Cielo na semana passada, após um ano e meio no comando da adquirente.

 Ele, que alegou motivos pessoais e familiares para deixar o posto, fica na companhia até o mês que vem.

 Procurada, a Cielo não comentou.

20/07/2018
- O ESTADO DE S. PAULO - SP
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