Bolsa tem maior alta mensal em dois anos

Com queda do dólar, fundo cambial e ouro encerraram o mês na lanterna 
Fundos de ações livre, alternativa ao investidor de Bolsa, tiveram desempenho pior que renda fixa 
O Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, interrompeu uma sequência de quatro meses de perdas e subiu 7,05% em março, liderando o ranking de aplicações acompanhadas pela Folha. 
Foi a maior alta mensal do índice desde janeiro de 2012, quando teve valorização de 11,13%. No ano, porém, a Bolsa ainda cai 2,12%. 
Na outra ponta do ranking, o ouro e o dólar foram as alternativas menos rentáveis em março. A inflação projetada para o mês (pelo IPCA, índice oficial), segundo pesquisa do Banco Central com economistas, é de 0,84%. 
O levantamento elaborado para a reportagem considera o rendimento das aplicações com desconto de Imposto de Renda em simulações de resgate em 12 meses, além do desempenho antes do IR. Aplicações que tiveram perda não sofrem tributação de IR. 
Os dados de desempenho dos fundos são da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais). 
Os fundos de ações livre, opção para o pequeno investidor que aplica no mercado acionário, encerraram o mês com alta de 0,30% antes do desconto do Imposto de Renda. Após o IR para resgate em 12 meses (de 15%, na categoria), o ganho cai para 0,26%. 
Quando comparados com o resultado do Ibovespa, os fundos de ações livre têm desempenho diferente porque eles não precisam seguir à risca a composição do índice, afirma Erik Yuki, sócio da Set Investimentos. 
No mês, o desempenho dos fundos de ações livre também foi pior que o de fundos de renda fixa, DI e a poupança, que rendeu 0,53% em março. 
O dólar à vista, referência no mercado financeiro, fechou o mês em baixa de 3,26%. Com isso, os fundos cambiais, alternativa ao pequeno investidor que precisa aplicar em moedas estrangeiras, caíram 1,39% em março. Já o ouro caiu 4,76%, de acordo com a BM&FBovespa. (DANIELLE BRANT e ANDERSON FIGO – Folha de S.Paulo)

Ibovespa tem melhor mês em dois anos 

Índice fechou março com avanço de 7,05 por cento, seu maior ganho mensal desde janeiro de 2012 e seu primeiro desempenho positivo desde outubro do ano passado 
A Bovespa encerrou a segunda-feira em alta e teve em março seu melhor desempenho mensal em mais de dois anos, com investidores aproveitando preços baixos para ir às compras e reagindo a expectativas sobre a eleição presidencial em outubro 
Especialistas, contudo, não esperam um novo rali na bolsa no mês que vem, uma vez que pouco mudou nos fundamentos da economia doméstica. No último pregão do mês, o Ibovespa subiu 1,3 por cento, a 50.414 pontos. O giro financeiro do dia foi de 6,94 bilhões de reais. 
O índice fechou março com avanço de 7,05 por cento, seu maior ganho mensal desde janeiro de 2012 e seu primeiro desempenho positivo desde outubro do ano passado. Também foi o melhor resultado do Ibovespa para meses de março desde 2009. 
A especulação sobre os resultados da eleição presidencial do Brasil, que ocorrerá em outubro, constituiu-se como um tema central no radar do mercado em março. O Ibovespa chegou a subir 3,5 por cento em um único pregão, em 27 de março, após pesquisa CNI/Ibope apontar queda na aprovação do governo Dilma Rousseff. 
Expectativas sobre mudanças políticas, especialmente no que se refere à gestão de empresas estatais, ganharam força logo após o Ibovespa atingir, em 14 de março, seu menor nível desde abril de 2009, quando as ações de muitas companhias eram negociadas abaixo de seu valor patrimonial. 
Essa combinação de fatores motivou uma onda de compras na bolsa brasileira, com destaque para a movimentação de investidores estrangeiros, que colocaram 2,2 bilhões de reais na Bovespa em março até dia 27, dado mais recente disponível. 
"O mercado havia caído forte porque fundos de pensão locais estavam vendendo ações em favor de títulos (de dívida). Então vimos investidores estrangeiros começarem a voltar em um caso típico de “comprar na baixa”", resumiu o diretor da Mirae Securities, Pablo Spyer 
Assim, o Ibovespa conseguiu voltar para acima dos 50 mil pontos, nível psicológico importante para o mercado, e agora está a pouco mais de mil pontos de zerar as perdas acumuladas neste ano. No primeiro trimestre, o índice perdeu 2,12 por cento. 
Para o economista, Fausto Gouveia, da Legan Asset, o índice que reúne as principais ações brasileiras pode ficar algum tempo acomodado no atual patamar, após ter recuperado parte da defasagem nos preços. 
"Houve um rali bastante forte em cima da pesquisa (CNI/Ibope), mas pouca coisa realmente mudou. Cada dia que passa aumenta a probabilidade de racionamento (de energia)… e a pesquisa Focus (do Banco Central) mostrou que a expectativa do mercado para a economia não melhorou, apesar de dados pontuais positivos", disse, referindo-se a indicadores de produção industrial, vendas no varejo e do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. 
O estrategista da Fator Corretora, Paulo Gala, é mais otimista. Para ele, os dados de atividade divulgados neste mês contribuíram para melhorar um pouco a visão do mercado sobre a economia, enquanto a perspectiva "estável" para o rating soberano do país atribuída pela agência de risco Standard & Poor”s traz um alívio para o mercado, apesar de a nota do Brasil ter sido reduzida. 
"Empresas estatais ainda têm chance de continuar se recuperando um pouco e bancos podem se beneficiar com juros mais altos", disse, afirmando que a bolsa pode subir em abril, mas com bem menos força. (Priscila Jordão – Reuters/Portal Exame)

 

02/04/2014
- Folha de S. Paulo/Exame
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