O presidente do BNDES, Paulo Rabello de Castro, disse que a instituição deverá ampliar a sua participação em financiamentos externos. Segundo ele, com a nova orientação do governo para o banco (com a implantação da TLP) se reduziu o espaço para buscar financiamentos no governo.
"Nós temos que encontrar mecanismos externos de financiamento, externos ao governo", afirmou Rabello de Castro durante evento do jornal "Financial Times" patrocinado por órgãos estatais brasileiros, em Nova York. Ele revelou que a razão da viagem de executivos do BNDES à China, recentemente, quando houve contato com o Novo Banco de Desenvolvimento do Brics, foi a de buscar parcerias nesse sentido. "Ao nos mudarmos para períodos mais normais, o banco deve se mudar para a maneira de se financiar do século 21, que é global", continuou Rabello de Castro. "Pretendemos ser maiores em termos de financiamentos externos e em termos de financiamentos de swaps." Entre as mudanças para "períodos mais normais" está a implementação da TLP. O presidente do BNDES disse que ela será implementada em cinco anos. Outra anormalidade foram as taxas básicas de juros brasileiras, bem maiores do que a média global. "Tivemos pelos menos três décadas de taxas de juros anormais. Por isso é que as taxas compensatórias existem no Brasil", afirmou Rabello de Castro, referindo-se à TJLP. "Havia uma anormalidade prévia. O setor produtivo no Brasil sempre recebeu compensações. Na medida em que removermos as causas dessa anormalidade, teremos o verdadeiro plano para ter uma longa e desejada normalidade." O presidente do BNDES afirmou que o governo não estará apto a financiar empreendimentos de longo prazo a não ser que promova ajustes fiscais. Defendeu a necessidade de ajustes para incrementar as contas do governo e fazer com que a União tenha mais capacidade de auxiliar projetos de longo prazo. Rabello de Castro participou de painel que contou com a presença do presidente do Banco do Brasil, Paulo Rogério Caffarelli. No evento, o presidente do BB citou projetos no setor de agronegócios com envolvimento do banco. Ao falar sobre o tema, Rabello de Castro comentou que o BNDES tem enfatizado o setor de agronegócios durante muitos anos. Sem citar períodos de tempo, observou que, no portfólio do banco, a parcela que representa projetos de agricultura apoiados pelo BNDES subiu de 5% para mais de 20%. O executivo comentou que o agronegócio tem um sistema próprio de impostos, mas também uma estrutura de financiamento já desenvolvida e incrementada pelo presidente Michel Temer que ele espera que não seja interrompida com a troca de comando na Presidência da República, que ocorrerá com a eleição de 2018.
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