BB TERÁ QUE EXPLICAR DEBANDADA DE BRASÍLIA

BB TERÁ QUE EXPLICAR DEBANDADA DE BRASÍLIA

O temor de fortes perdas para a economia local com a transferência de funcionários e de áreas estratégicas do Banco do Brasil para São Paulo, provocou indignação e protesto de políticos e empresários em Brasília. Integrantes da cúpula do BB negam que haja uma operação de esvaziamento da instituição no DF. Mas a reação negativa à operação, revelada pelo Correio Braziliense, levou a presidente Dilma a questionar assessores sobre o real motivo das mudanças. Nos bastidores, funcionários graduados do BB afirmam que é uma manobra para ajudar o PT nas eleições de 2012 na capital paulista. O Planalto teme desgaste político com a operação.

 

Tanto a presidente Dilma Rousseff quanto os ministros Guido Mantega e Gleisi Hoffmann estranharam a transferência de diretorias e de gerências de Brasília para São Paulo

O Palácio do Planalto cobrará explicações do presidente do Banco do Brasil, Aldemir Bendini, sobre o processo de transferência de parte das diretorias e de gerências de Brasília para São Paulo, conforme mostrou ontem o Correio Braziliense. O temor de um esvaziamento econômico do Distrito Federal provocou uma gritaria contrária por parte de políticos locais e de empresários e levou a presidente Dilma Rousseff a questionar assessores sobre os reais motivos das mudanças na instituição financeira.

Já o ministro da Fazenda, Guido Mantega, ao qual o banco está diretamente subordinado, pediu a seu secretário executivo, Nelson Barbosa, membro do Conselho de Administração do Banco do Brasil, que acompanhe de perto toda a reestruturação pela qual passa a instituição. A ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, mostrou-se surpresa com a notícia e assegurou que tudo terá de ser esclarecido, de forma que não paire qualquer dúvida sobre as ações do BB.

O governo teme que mudanças puramente relacionadas a estratégias de negócios ganhem conotações políticas, pois há a suspeita de que o deputado federal Ricardo Berzoini (PT-SP) esteja por trás do processo, para tirar proveito nas eleições municipais do próximo ano. "Com certeza, isso não existe. Mas é preciso dar transparência a toda a operação e justificar item por item. O Banco do Brasil tem ações em bolsa de valores. Deve, portanto, esclarecimentos ao governo, seu controlador, e ao mercado", disse um técnico da Fazenda.

Já migraram para a capital paulista parte da Diretoria Comercial e da Gerência de Agronegócio e estão sendo transferidos funcionários da Diretoria de Marketing e de áreas de suporte operacional. "Esse movimento, no entanto, não significa um esvaziamento da sede do BB em Brasília. Não há a menor possibilidade de isso acontecer", afirmou o vice-presidente de Negócios de Varejo da instituição, Paulo Rogério Caffarelli. "A sede do BB é e sempre será em Brasília", acrescentou. Segundo ele, mesmo com o deslocamento de funcionários para São Paulo, o número de pessoas na matriz passou de 9 mil para 13 mil nos últimos cinco anos. "Temos apenas 800 empregados na capital paulista fora das agências", enfatizou.

Interferências
Pelo cronograma traçado pelo BB, segundo funcionários da instituição, a meta é chegar a 2 mil pessoas trabalhando em São Paulo em áreas que poderiam estar exclusivamente em Brasília. Para Caffarelli, não há nada fechado nesse sentido. "O correto é que o banco está reforçando seus braços em São Paulo para ficar mais perto de seus principais concorrentes. É questão de sobrevivência. Em 2009, antes de comprarmos a Nossa Caixa, éramos o quarto maior banco no estado. Agora, somos o primeiro em número de agências", afirmou.

Ao mesmo tempo em que ampliou espaço na capital paulista, Caffarelli destacou que o BB investiu R$ 1 bilhão em um parque tecnológico na Cidade Digital do Distrito Federal. Outros R$ 880 milhões serão desembolsados nos próximos 15 anos para a manutenção do projeto. "Temos 3,3 mil pessoas trabalhando em Brasília na área de tecnologia. Além disso, a cidade concentra importantes movimentos estratégicos do banco, como a criação da Diretoria de Clientes Pessoas Físicas e da nova central de negócios", frisou.

Apesar das explicações do BB, o clima é de insegurança entre os seus acionistas, que temem pelo uso político da instituição. "Posso garantir: o banco está protegido de interferências. Há um programa de governança corporativa que blinda a instituição", destacou Caffarelli. Outro integrante do alto escalão do BB lembrou que todo o processo de "limpeza política" da instituição começou em 2009, com a posse de Bendine. "Foi ele, inclusive, quem cortou todos os laços de Berzoini com o banco", contou o técnico, que pediu anonimato.  30/09/2011.

03/10/2011
- Correio Braziliense -
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