BB terá de abrir concurso de nível superior

BB terá de abrir concurso de nível superior

 Banco do Brasil (BB) não pode mais promover funcionários de nível médio para cargos de nível superior sem aprovação em concurso público específico. A decisão é da Terceira Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 10ª Região (TRT10), que buscou mediar a relação da instituição financeira com colaboradores e optou também por não retirar de funções pessoas que tinham sido promovidas antes disso. O órgão judiciário entendeu que a abertura de concursos públicos para cargos de nível superior é realmente necessária para suprir posições que, anteriormente, eram lotadas sem certame específico. Segundo o desembargador Ribamar Lima Júnior, relator da matéria, a decisão assegura a permanência dos empregados e o funcionamento da empresa pública, que necessita dos serviços prestados por essas pessoas.

 "Antes, a instabilidade era preocupante para os funcionários, visto que podiam ser destituídos do posto a qualquer momento. Assegurando isso, é preciso que a instituição abra seleções", afirma. Para ele, a sentença cumpre a Constituição Federal e democratiza o acesso a cargos de nível superior. Segundo o desembargador, o acórdão com a decisão pode ser publicado a qualquer momento. O banco terá dois anos para tomar medidas administrativas cabíveis e fazer um certame de nível superior. Em nota, o Banco do Brasil informou que aguarda a publicação do acórdão para analisar quais medidas adotará. A instituição ainda pode recorrer da decisão.

 Fernanda Rocha, advogada de direito trabalhista e professora do Gran Cursos Online, é favorável à decisão do TRT. "A determinação não prejudicou os trabalhadores nesses cargos e atende a previsão constitucional de que empresas públicas só podem contratar por meio de certame", diz. "Agora, com a deliberação, haverá novas oportunidades", destaca. Advogado trabalhista e professor do IMP Concursos, Stevão Gandh também observa que a sentença gerará mais oportunidades em seleções. "É presente na realidade de muitas organizações a precarização do serviço. Com essa decisão, elas perceberão que o desvio de função não é certo e lançarão editais", relata.

 Entenda o caso

 O Ministério Público do Trabalho (MPT) recebeu, em 2014, uma denúncia de que o Banco do Brasil não efetuava, para algumas áreas, concurso público de nível superior. O MPT investigou e constatou a existência das irregularidades denunciadas. A primeira decisão, dada pela juíza da 16ª Vara do Trabalho de Brasília Patrícia Soares Simões de Barros, obrigou o banco a contratar, designar ou nomear trabalhadores de nível superior somente após aprovação em prova específica. A magistrada determinou também que quem ocupasse esses cargos sem ter prestado concurso deveria voltar ao primeiro posto, o de escriturário (de nível médio).

 Instituições como o Conselho Federal da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), a Associação dos Advogados do Banco do Brasil (Asabb), a Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Empresas de Crédito (Contec) e o Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos Bancários de São Paulo (Seeb/SP) entraram com recurso contra a decisão inicial, contestando o retorno à função de escriturário. Quem julgou o pedido foi a Terceira Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 10ª Região (TRT10), que manteve a decisão da primeira sentença em parte, determinando que as obrigações impostas ao  banco devem ter efeitos futuros.

 O presidente da Asabb, Luiz Roberto Ferreira Vaz, considerou justa a deliberação do TRT. "Agiram todos de boa-fé, pois não havia outra opção ou forma de ingresso. Esses empregados contribuíram durante décadas para os resultados bilionários alcançados pelo banco. A decisão está em consonância com os preceitos constitucionais, privilegia a segurança jurídica e a estabilidade das situações econômica e social desses trabalhadores", afirma. Ernesto Izumi, diretor-executivo do Seeb/SP, concorda. "Os empregados não concursados para cargos específicos superiores que mesmo assim exercem essas funções, agora, têm um pouco mais de segurança. Eles estavam ameaçados e, com a ajuda do sindicato na ação, esse direito de permanecer foi resguardado", enfatiza.

 Chance de uma vaga

 A contadora Amanda Débora Costa, 26 anos, mora em Trindade (PE) e sonha em ocupar uma vaga no Banco do Brasil. "Geralmente, na área bancária sempre tem um grande número de vagas, o plano de carreira é excelente e há segurança em relação aos direitos", justifica. Ela vê a decisão do TRT com bons olhos. "É uma vantagem para quem se formou e busca uma vaga", destaca. Ela trabalha em uma empresa particular e dedica cerca de quatro horas por dia aos estudos. "Como o edital não saiu, tenho tempo para me preparar", diz. "Eu me dedico assistindo a videoaulas, fazendo resumos e resolvendo exercícios. Aos sábados e domingos, faço uma revisão do que foi visto ao longo da semana", acrescenta.

 Palavra de especialistas

 Como se preparar?

 Cargos públicos têm sido a cada dia mais cobiçados, seja pelos bons salários, seja pela estabilidade. Em breve, teremos concurso para o Banco do Brasil e, se você sonha em passar em uma seleção, está na hora de se preparar. E por mais óbvio que seja, a melhor dica é: estude, estude e estude mais um pouco. Mas qual a melhor forma de se preparar? Na minha experiência como professora e também como concurseira, acredito que a opção mais acertada é refazer provas anteriores da banca examinadora, que tende a manter as características, como vocabulário e estilo de questões. É preciso prestar atenção também à redação. O último concurso do Banco do Brasil teve uma prova de redação e uma objetiva com 70 questões para o cargo de escriturário. Normalmente, os temas são atuais, por isso separe um tempo para ler jornais, assistir ao noticiário e se atualizar sobre o que está acontecendo no mundo. No mais, fique atento às notícias e à publicação do edital para não perder a data de inscrição. Bons estudos!

 Danielle Lago, professora de matemática do Centro Universitário Alves Faria (Unialfa)

18/12/2017
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