Instituições financeiras serão autorizadas pela Anatel a atuar como “operadoras virtuais” usando rede das teles
Entrada dos bancos na telefonia permite fusão entre cartão e celular, facilitando transações de pequenos valores
JULIO WIZIACK
TONI SCIARRETTA
DE SÃO PAULO
Banco do Brasil, Caixa, Bradesco, Itaú e Santander se preparam para prestar serviços de telefonia móvel.
A entrada dos bancos na telefonia é o passo que faltava para a massificação do uso do celular como cartões de débito e crédito, novidade que promete mudar os pagamentos eletrônicos no país.
Além de substituir o cartão no comércio, o celular é o meio ideal para autorizar transações de baixo valor, como pagamentos de metrô, máquinas de café e jornais.
O telefone móvel tem a única tecnologia capaz de substituir as transações entre pessoas, feitas hoje em dinheiro, reduzindo a importância dos caixas eletrônicos.
As teles disputavam com os bancos a dianteira nas transações por celular. A ideia era converter minutos em dinheiro, mas a “criação de moeda” pelas teles esbarrou nas regras do BC.
Hoje, o conselho da Anatel deve votar a regulamentação das “operadoras virtuais”, pondo fim a essa disputa.
Com as novas regras, qualquer empresa poderá se associar a uma operadora móvel (TIM, Vivo, Claro e Oi) para prestar serviços de telefonia.
Pão de Açúcar, Casas Bahia, Carrefour e Pernambucanas já têm projetos para virar teles, mas são os bancos que vão acelerar esse processo porque têm um interesse comum: redução de custos.
As transações feitas pelo celular geram gastos equivalentes a um décimo dos com cartões de plástico.
QUEM ESTÁ NESSA
A Anatel permitirá que os bancos escolham dois caminhos na telefonia celular.
No primeiro, o banco comprará no atacado milhões de minutos das teles e depois venderá (ou repassará como prêmio) aos clientes.
Na segunda opção, os bancos alugam a rede da operadora e prestam o serviço diretamente ao cliente, dando suporte técnico e respondendo pelas reclamações.
Estatais, o BB e a Caixa estão mais inclinados a assumir a gestão do relacionamento com o cliente. Já Itaú e Santander tendem a formar parcerias com as teles para atuar como “distribuidores” de minutos. O Bradesco estuda ambos os caminhos.
“Não posso afirmar que vamos virar uma tele, mas há espaço para atuar em alguns nichos de mercado”, disse Frederico Fernandes, diretor de novos canais do BB.
Parceiro da Vivo e da TIM, o Itaú já converteu chips de 500 mil terminais da Redecard para aceitarem pagamentos via celular.
Inicialmente, o banco emitiu 500 mil cartões Itaucard para clientes da Vivo e da TIM. Muitos desses clientes não sabem, mas têm no celular um chip habilitado para fazer pagamentos na Redecard. Ao mesmo tempo, o Itaú oferece celulares da Vivo e da TIM para seus clientes.
“O usuário vira cliente dos dois serviços, até que uma hora será uma coisa só. Aos poucos, vamos vinculando o cartão de crédito a um número do celular”, disse Carlos Zanvettor, diretor do Itaú.
Na Espanha, o Santander opera o serviço móvel “Habla Fácil”. O banco compra minutos no atacado, com preço menor, e depois os vende ou distribui como prêmio aos clientes. “No Brasil, é prematuro dizer que vamos criar um serviço com o nome Santander. Vai depender da regulamentação”, disse Cláudio Almeida Prado, diretor de tecnologia do Santander. (03/11/2010)