Após “saga” de quase 20 anos, hotel de luxo abre as portas em parque de SP

Após “saga” de quase 20 anos, hotel de luxo abre as portas em parque de SP

 

Hotelaria. Palácio Tangará, idealizado no fim dos anos 90 pelo empresário Rafael Birmann, ficou com as obras paradas durante 12 anos até ser comprado pelo fundo americano GTIS, há quatro anos; hotel abre as portas hoje, em meio a forte crise do setor no B0rasil

 

Ao abrir as portas hoje, o Palácio Tangará – hotel que pretende se tornar um novo templo do alto luxo em São Paulo – põe fim a uma saga de quase 20 anos que inclui um sonho frustrado de um empresário ambicioso, brigas entre sócios e uma obra que se tornou um "fantasma" que assombrou o Parque Burle Marx, na zona sul de São Paulo, durante 12 anos. Após ser comprado por um fundo americano e ter a administração assumida por um grupo alemão, o hotel inicia as atividades com um novo desafio: enfrentar a atual crise do setor de hospedagem no País.

 

O projeto, idealizado pela construtora Birmann, que foi referência no desenvolvimento de edifícios comerciais na capital paulista nos anos 1980 e 1990, foi comprado há quatro anos pelo fundo GTIS – antes, era uma sociedade entre o empresário Rafael Birmann e a Previ (fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil).

 

As obras foram iniciadas em 1998, mas a Birmann entrou em crise em 2000, o que levou à paralisação dos trabalhos em 2001. Uma disputa entre os sócios, aliada à dificuldade em encontrar um novo investidor, deixou a obra parada por mais de uma década. Durante anos, soluções foram buscadas para o projeto – entre os que olharam o ativo esteve a espanhola OHL.

 

No entanto, foi o americano GTIS que, em 2013, chegou a um acordo com Birmann. O empresário abriu mão do empreendimento para se livrar de dívidas.

 

Já os 49% que pertenciam à Pre-vi foram comprados por R$ 45 milhões, em acordo separado.

 

O fundo investiu na conclusão das obras – ainda faltavam 30% dos trabalhos – e fechou acordo de administração com a alemã Oetker Collection, referência em hotéis cinco estrelas. Para dirigir o Tangará, veio o executivo Celso do Valle, que participou do início da operação do Emiliano, em 2001.

 

Luxo. Segundo Valle, o objetivo da Oetker é entregar um novo conceito de luxo em hotelaria ao mercado paulistano. A diária dos quartos vai variar de R$ 1,6 mil a R$ 38 mil – o menor quarto do Tangará tem 47 metros quadrados e a maior suíte, 530 metros quadrados. "Todos os quartos terão vista para o verde do Parque Burle Marx. Ninguém vai abrir a janela e ver uma parede", garante Valle.

 

Os hóspedes ainda contarão com duas piscinas aquecidas (uma delas coberta), academia, spa administrado pela francesa Sisley, bar de drinques e um restaurante com cardápio desenvolvido pelo "chef-celebrida-de" Jean-Georges Vongerich-ten, entre outros "mimos".

 

Para se diferenciar no segmento de luxo – onde enfrentará a concorrência de rivais como Emiliano, Fasano e Unique -, o Palácio Tangará pretende atrair o público paulistano para suas instalações. A meta é que o restaurante, o spa, o bar de drinques e adega possam ser usados por quem não estiver hospedado no hotel. Outra aposta é um espaço de eventos que compor-

 

ta até 400 pessoas – e já tem 15 casamentos fechados para os próximos meses.

 

Desafios. Após quase 20 anos em "gestação", o Palácio Tangará chega não só no meio de uma crise econômica, mas também em um dos piores momentos recentes para o setor hoteleiro. Mesmo em São Paulo, mercado considerado "blindado" pelo turismo de negócios, houve um recuo de 20% em três anos, segundo Diogo Canteras, sócio-diretor da consultoria Hotel Invest. Hoje, segundo a consultoria, a taxa de ocupação dos hotéis em todas as capitais brasileiras está abaixo de 60% – o ponto de equilíbrio médio do setor é de 70%.

 

Além disso, segundo o consultor, o fator localização também pode pesar contra o Tangará. O bairro do Panamby, onde fica o hotel, costuma registrar engarrafamentos pela manhã – o que pode prejudicar o trajeto de altos executivos a seus locais de trabalho. Embora se trate de um projeto ambicioso, Cante-ras lembra ainda que há outras marcas consolidadas no segmento luxo na cidade. E a concorrência está prestes a ficar ainda mais pesada, já que a rede Four Seasons tem estreia marcada em São Paulo para 2018.

 

• Sem vista ruim

 

"Todos os quartos terão vista para o verde do Parque Burle Marx. Ninguém vai abrir ajanelaever uma parede." Celso do Valle DIRETOR D0 PARQUE TANGARÁ

 

• Para poucos

 

R$ 1,6 mil será o valor mínimo da diária do Palácio Tangará

 

R$ 38 mil será o preço da maior suíte

 
11/05/2017
- O ESTADO DE S. PAULO - SP
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