Abertura ao capital estrangeiro faz Gol subir 50,3% na bolsa

Abertura ao capital estrangeiro faz Gol subir 50,3% na bolsa

 A Gol teve ontem na Bovespa a maior alta na história da companhia, subindo 50,3%, a R$ 2,30% numa reação positiva dos investidores à notícia, publicada ontem pelo Valor, de que o governo estuda abrir a aviação doméstica ao capital externo, permitindo que este tenha até 100% do capital de aéreas brasileiras.

 

A Gol disse ontem ao Valor que "apoia todas as iniciativas que possam impulsionar o desenvolvimento do setor aéreo brasileiro. Se aprovada, a ampliação do capital estrangeiro ampliará as oportunidades para as companhias aéreas do país, beneficiando também seus clientes".

 

Controlada pela família Constantino, a Gol tem entre os sócios a Delta Air Lines – segunda maior aérea dos Estados Unidos, com 9,48% da empresa -, e a franco-holandesa Air France-KLM, com 1,5%.

 

A Gol tende a ser a mais beneficiada por uma abertura total ao capital estrangeiro. Em relatório enviado a clientes, o analista do Bradesco, Victor Mizusaki, aponta que a Delta seria uma potencial investidora na Gol.

 

Procurada, a Delta disse que não comenta temas em desenvolvimento. Mas a americana mostrou em 2015 ter apetite pela América Latina, ao elevar, em julho, a fatia detida na Gol de 3% para 9,48%, no Brasil, e ampliar de 17% para 49% a participação na Aeromexico, em dezembro.

 

O especialista em aviação da Bain Company, André Castellini, diz que os grupos estrangeiros teriam mais interesse nas grandes companhias já estabelecidas que em pequenas empresas ou em começar uma operação do zero. Isso porque o transporte aéreo exige "slots" (direitos a horários de decolagem e pouso nos aeroportos), frota, distribuição de vendas e funcionários. "Faz mais sentido comprar que abrir uma nova operação", disse.

 

Os analistas de mercado apontam que a discussão sobre abertura da aviação brasileira aos estrangeiros ganhou força agora porque a crise no setor ficou mais aguda. Juntas, TAM, Gol, Azul e Avianca acumulam mais de R$ 4 bilhões de prejuízo apenas entre janeiro e setembro deste ano.

 

Ontem, a Gol apresentou ao mercado os dados operacionais fechados de dezembro. A companhia cortou sua oferta em 3%, mas a demanda caiu 6%. No acumulado do ano passado, a demanda doméstica da Gol cresceu 1% e a oferta doméstica ficou estagnada.

 

O vice-presidente financeiro e de relações com investidores da Gol, Edmar Lopes, apontou que a empresa vai reforçar a política de corte de capacidade ao longo de 2016, para adequar a oferta à demanda fraca. "Cortamos mais fortemente no segundo semestre de 2015 e vamos continuar", disse. "Nosso objetivo é melhorar o preço para melhorar o resultado da companhia". Ele se refere a melhorar o "yield", ou quanto cada passageiro paga para voar 1 km.

 

No quarto trimestre de 2015, a Gol teve "yield" 6,8% maior que em igual intervalo de 2014. Comparando esse indicador com o pior momento de 2015, o segundo trimestre, a aérea conseguiu melhorar o yield em 24,3%. "Apesar de alguns dados de tráfego ainda em terreno negativo, quando olhamos para o quarto trimestre e para todo o 2015, podemos observar uma estabilidade para taxas de ocupação, oferta e demanda", apontou em relatório a clientes o analista doBANCO DO BRASIL Investimentos, Mario Bernardes Jr. "Esperamos que a estratégia de reduzir capacidade possa ter algum efeito na recuperação de margem".

 
03/02/2016
- VALOR ECONÔMICO -SP
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