A Previdência espoliada

A Previdência espoliada

 

A mais recente denúncia de fraude contra a Previdência Social, liderada por profissionais liberais e, ao que tudo indica, sem qualquer participação de servidores do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), reafirma a constatação de que, onde corre dinheiro público, sempre há pessoas inescrupulosas tentando se apossar ilegalmente dele. Por isso, nessa ou em qualquer outra área na qual são movimentadas somas elevadas, todo cuidado por parte da fiscalização sempre será insuficiente. Por isso, também, é importante que cidadãos preocupados com o bom uso do dinheiro público não se omitam mesmo diante da simples desconfiança em relação a qualquer possibilidade de desvio.

 

No caso específico, o que mais chama a atenção é justamente a particularidade de que um esquema das proporções do registrado em municípios gaúchos e catarinenses tenha se mantido a tempo de conseguir surrupiar um total avaliado em cerca de R$ 47,9 milhões. O montante só não é maior porque a Polícia Federal e a própria Previdência entraram em ação, desmontando o esquema fraudulento.

 

Lamentavelmente, muitos brasileiros, entre os quais defensores do rigor legal contra infratores de toda ordem, acabam com frequência se valendo de expedientes ilícitos ou no mínimo controversos quando pretendem obter algo da Previdência para si mesmos. Em consequência, o sistema perde recursos tanto devido à atuação de falsários quanto das chamadas "fraudes legais" – casos, por exemplo, de pessoas que se unem com um parceiro às voltas com doença terminal, só para garantir pensão.

 

Sempre que alguém obtém alguma vantagem de forma atípica junto à Previdência, acaba colocando ainda mais em xeque os sistemas de controle. Os maiores prejudicados são justamente quem precisa desses recursos para a sua subsistência – os pensionistas e aposentados -, em nome dos quais a fiscalização precisa atuar de forma permanente.

05/09/2012
- ZERO HORA - RS
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