Todos sabem que o equilíbrio entre receitas e despesas da Cassi vem sendo comprometido ano após ano, por múltiplas causas. Em 2014, com o fim do BET – Benefício Especial Temporário, que vinha sendo pago pela Previ, a arrecadação da Caixa de Assistência sofreu mais um baque. As reservas financeiras da Cassi vêm sendo consumidas e, dentro de pouco tempo, poderemos não ter recursos suficientes para fazer frente aos tratamentos dos quais necessitamos.
É importante destacar que o aumento das despesas da Cassi tem causas variadas. Algumas podem ser geridas mais diretamente pela própria entidade. Outras são externas a ela e dificilmente controláveis.
Como exemplo de temas que podem ser controlados ou minimizados com a gestão da Cassi estão as despesas administrativas, a realização de auditorias em tempo real ou a posteriori nas despesas médicas, a discussão sobre eventos que podem ter co-participação dos associados, a ênfase do modelo de atendimento (mais medicina preventiva ou mais medicina curativa), o estabelecimento de portas de entrada e assim por diante.
Por outro lado, a Cassi tem pouco ou nenhum controle sobre causas externas, como por exemplo: inflação médica superior ao aumento de salários; imposição da indústria médica de procedimentos e exames desnecessários ou recomendação de órteses, próteses e materiais especiais mais caros; existência da cultura de se buscar diretamente especialistas, por tentativa e erro, ao invés de um clínico geral; judicialização desmedida da saúde; novas obrigações impostas pela ANS – Agência Nacional de Saúde; surgimento de novos e caros diagnósticos e tratamentos; fraudes cometidas por profissionais e empresas, mas também por alguns associados; maior longevidade da população.
Note-se que alguns desses fatores são desejados por todos, como a maior longevidade e a descoberta de novas formas de diagnósticos e de tratamento. No entanto, tudo isso eleva as despesas da Cassi. E como o Plano de Associados tem como única base para o incremento de suas receitas o índice de reajuste de salários dos participantes, o descompasso entre a evolução das receitas e das despesas tem gerado um verdadeiro abismo.
Para enfrentar estas questões não existem soluções fáceis. Todas têm seu grau de complexidade e envolvem muitos atores: dirigentes eleitos e indicados; conselhos de usuários; diretoria do Banco do Brasil; funcionários da ativa e aposentados e suas entidades representativas; agência reguladora e até o Congresso Nacional.
No entendimento da ANABB, não há possibilidade de enfrentamento adequado da situação se não houver o envolvimento de todos. E este debate tem que ser feito com maturidade e com respeito, para que possa gerar a consequência positiva que todos buscamos.
Posturas sensacionalistas, eleitoreiras ou sectárias não resolverão os impasses. É preciso muita combatividade, mas com extrema disposição ao diálogo. E isso vale para todos. A eventual insolvência da Cassi é ruim para o BB, é péssima para os funcionários e não ajuda em nada o sistema de saúde pública. Pode favorecer apenas ao mercado de saúde, mas com consequências imprevisíveis.
A ANABB quer contribuir de maneira consistente com este debate. Em 2013, realizamos um seminário exclusivo sobre a Cassi, no qual a sustentabilidade da Caixa de Assistência foi predominante. Temos participado de algumas conferências estaduais de saúde e diversos de nossos diretores regionais são membros atuantes de Conselhos de Usuários. Neste momento, estamos solicitando audiência com a direção do Banco do Brasil para discutir o assunto. Já recebemos em nossa sede o presidente e diretores da Cassi e estamos renovando o convite para a continuidade do diálogo.
Em breve estaremos organizando encontros para os quais serão convidadas todas as entidades do funcionalismo para debater o futuro da Caixa de Assistência, que pertence ao conjunto dos associados.
O futuro é agora. Só poderemos construí-lo de maneira adequada se estivermos juntos!
Diretoria Executiva da ANABB