O filme Chuvas de Verão, com direção de Cacá Diegues, fala de Afonso (Jofre Soares), que decide viver com tranquilidade no subúrbio de onde mora. Em sua primeira semana de ócio, o aposentado se envolve com os problemas de sua filha, de seus amigos e da sua vizinhança. Com eles aprende um novo estilo de vida e percebe que a longevidade cria novas realidades, necessidades e perspectivas.
Wallace Hetmanek dos Santos – psicólogo e especialista em gerontologia pela Universidade Aberta da Terceira Idade (Unati/UERJ) e gerontólogo da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG) – comenta que com o aumento da longevidade o caráter da aposentadoria como férias prolongadas caiu. "Ter mais tempo de vida é a variável que provocou as mudanças. Hoje, as pessoas possuem tempo para administrar uma nova rotina. Percebo que as mulheres, até mesmo por viver, em média, sete anos a mais ao homem, são mais próximas do cuidado com a saúde, cultura e estudos, como as universidades da terceira idade. Já o homem, ainda não está tão próximo a esse leque de opções e fica muito preso a perspectiva de voltar ao mercado, seja com remuneração ou não", analisa o especialista. Dulcinéa da Mata – psicóloga e autora do livro "Aposentadoria: Ponto de Mutação?" – comenta que a aposentadoria tem significados diferentes para homens e mulheres. "No geral, os homens são mais monofocados e tem como principal objetivo de vida a questão profissional, que muitas vezes se confunde com a própria identidade da pessoa. Portanto, com o fim da vida laboral ativa eles se sentem inseguros e muitas vezes sem rumo. Por outro lado, as mulheres são mais polivalentes, têm interesses mais diversificados, assim com a aposentadoria elas se sentem mais livres pra outras atividades e com mais tempo pra se dedicar a família, amigos e outros interesses", comenta a especialista. O que fazer De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 5,4 milhões de trabalhadores continuam ativos quando se aposentam ou depois dos 60 anos, o que representa acréscimo de 63,3% em 12 anos, visto que, em 2000, esse número se limitava a 3,3 milhões. Para Dulcinéia, em relação ao mercado de trabalho, ela desenha três possibilidades de comportamento do aposentado que ela intitula 3Rs: Re-direcionar, Re- colocar e Re-tirar. "Re-direcionar é ter uma nova atividade, outra profissão mesmo, tornar-se empreendedor, por exemplo. Re-colocar é seguir na mesma atividade profissional, dar sequência ao saber acumulado ao longo da vida profissional. Já o Re-tirar é sair mesmo do mercado de trabalho, buscar ter uma atividade ligada ao social, seja em organizações não governamentais, igrejas, investir em estudos, fazer arte etc", afirma. Desejos Santos acredita que os aposentados querem paz e tranquilidade. Ele entende que o momento da aposentadoria deve ser visto como um convite à desaceleração do ritmo de vida e, ainda, possibilidades de novos caminhos. Dulcinéia acredita que, de modo geral, os aposentados desejam se manter ativos, atuantes, curtir mais a vida, ocupar o tempo livre de vida mais plena e prazerosa. "Por isso, creio que eles carregam a preocupação de saber que de fato irão se ocupar, cuidar e manter a saúde. Há ainda preocupação com relação às atividades físicas e a responsabilidade junto à família", comenta. Tanto Santos como Dulcinéia, ambos pesquisadores da área, apostam no investimento na preparação para aposentadoria, pois a fase demanda um novo entendimento do significado da vida e da busca pelo desenvolvimento de outras áreas.
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