Algumas atitudes simples podem contribuir para uma aposentadoria feliz. Duas são bastante banais, mas repletas de significados. A primeira sugerida pelo consultor Renato Bernhoeft é criar um cartão de visitas particular antes de sair da empresa. É uma forma de informar telefone e e-mail pessoais aos amigos e parceiros com quem você quer manter contato ao se aposentar. Bernhoeft já viu muita gente perder a identidade ao não poder mais se apresentar com sobrenome corporativo.
Outra atitude é transferir a conta corrente de agência bancária, quando esta fica dentro da companhia. Bernhoeft faz recomendação como uma forma de o aposentado romper o vínculo com a companhia. "Existe uma supervalorização da empresa", diz o consultor.
Há empresas e fundos de pensão que contribuem para que esse rompimento seja suave. Na Fundação Cesp, o programa Vida Investe já sensibilizou cerca de 400 pessoas. Foi criado em 2011, quando cerca de um terço dos 16 mil participantes ativos poderiam requerer o benefício da aposentadoria num prazo de cinco anos. O programa discute questões relacionadas a três pilares: poupança financeira, previdência social e comportamento. "Debatemos as oportunidades que o aposentado pode aproveitar, como dedicar-se a um trabalho social ou atuar como consultor. Não dá para pescar ou viajar todos os dias da semana", diz Marcia Locachevic, gerente de comunicação da Fundação Cesp.
Programas como esse ajudam a colocar em prática uma das atitudes mais óbvias e negligenciadas para uma aposentadoria saudável: dedicar tempo para responder à pergunta "o que você quer ser quando envelhecer". Um dos maiores especialistas em gerenciamento de tempo e produtividade pessoal do país, o consultor Christian Barbosa, conta no livro "A Tríade do Tempo" que, para driblar essa falta de tempo, passou a marcar reuniões formais na agenda com ele mesmo. "Se acha neurótico, saiba que só fiz isso depois que minhas promessas constantes de tirar alguns minutos durante o dia falharam", escreve o autor. Alguém aí pode criticá-lo?