O Brasil bateu neste ano a marca de 10 milhões de microempreendedores individuais (MEIS) e, de olho nessa fatia do mercado, bancos tradicionais e fintechs passaram a customizar contas bancárias para atendê-los. Juntas, as instituições disputam esse empreendedor, que é quase pessoa física, muitos autônomos e profissionais liberais, e devem ter faturamento anual de até R$ 81 mil.
Para atrair os clientes, os bancos e as fintechs entenderam que o processo deveria incluir baixo custo, digitalização e pouca burocracia – em muitos deles, é possível abrir a conta a partir do celular. Entre as novidades mapeadas pelo Estadão PME, o custo para a manutenção de algumas contas é zero.
Essas contas customizadas não são facilidades apenas das fintechs. Bancos tradicionais também vêm buscando atrair o público. “No Brasil, é crescente o número de microempreendedores individuais. Nós somos um banco que queremos ganhar mercado, trabalhar com todos os segmentos”, diz Franco Fasoli, diretor do segmento Empresas & Governos do Santander.
Para Istvan Kasznar, professor da FGV Ebape (Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas), a ampliação de mercado dos bancos e a concorrência são essenciais para o próprio cliente, já que acarretam o aumento na eficácia do atendimento, com orientações direcionadas para o empreendedor, mais velocidade para o público e para o banco, fidelidade do público e aumento do número de bancarizados.
Segundo pesquisa feita pelo Instituto Locomotiva em 2019, cerca de 45 milhões de brasileiros não possuem conta bancária. O que significa que uma em cada três pessoas acima dos 16 anos no País é desbancarizada. Esse grupo movimenta aproximadamente R$ 817 bilhões na economia anualmente.
Para Istvan, as contas customizadas podem ajudar a reduzir o número de desbancarizados. “A bancarização é fundamental para manter as pessoas dentro do sistema bancário e econômico. A capacidade de fazer com que esse público venha a se bancarizar tornou muito melhor a escala pública e privada de atendimentos.”
Ao mesmo tempo, para Marcelo Moraes, diretor da área de
PJ da fintech Neon, o principal problema entre os MEIS são os sub-bancarizados. “O cara que tem acesso a uma conta poupança, no banco tradicional, não supre as necessidade do negócio”, explica. “Quando você tem uma conta gratuita, simples, com produtos que falam com o empreendedor, é uma oportunidade enorme de fazer uma inclusão financeira desse público."
Em 2018, a Neon lançou a conta Neon Pejota, com foco nos MEIS. No último mês de setembro, a conta foi relançada como MEI Fácil, com taxas mais baixas – transação de boletos, DOC e TED, que eram cobradas, ficaram gratuitas.
“O MEI tem necessidades específicas que um informal não tem: pagamento de imposto, declaração de faturamento, emissão de nota fiscal. Ter uma conta dedicada ao MEI pode fazer muito mais sentido do que uma conta pessoal”, diz o diretor da área de PJ da Neon.
No caso dosantander, que possui conta para MEI desde maio de 2019, o processo também ajuda. “Desenvolvemos o processo de abertura de conta digital, por meio do aplicativo do banco, e a conta é aprovada em até 48 horas”, diz Franco.