André Brandão assumiu a presidência do Banco do Brasil há dois meses com a promessa de reforçar a atuação da instituição no exterior, de forma a prestar um serviço de excelência aos brasileiros que moram e trabalham fora do país. Mas o que está se vendo é exatamente o contrário. Não por acaso, os funcionários do BB estão se sentindo traídos.
Nas últimas semanas, o Banco do Brasil acelerou o processo de fechamento do escritório de Milão e deve fazer o mesmo com o de Madri e com a agência de Paris, apesar da grande quantidade de brasileiros que vivem na Itália, na Espanha e na França. Os postos, dizem os funcionários, são lucrativos e reforçam a marca do BB na Europa.
O encolhimento do Banco do Brasil no exterior também passará pela redução das atividades em Lisboa e em Viena. Todos essas agências são tradicionalíssimas e funcionam como porta de entrada de importantes negócios de comércio internacional. Não está claro para os funcionários do BB o que quer Brandão, que diz uma coisa e faz outra.
O processo de fechamento de agências do BB no exterior começou na gestão de Rubem Novaes, considerado um dos piores presidentes que a instituição teve. De acordo com funcionários do Banco do Brasil, o desastre da administração de Novaes foi tamanho, que, mesmo sendo amigo dele, o ministro da Economia, Paulo Guedes, celebrou a troca de comando no BB.
Falta transparência ao processo
Quem acompanha de perto a redução do Banco do Brasil no exterior garante que há muita coisa errada no processo, e que nada está sendo feito de forma transparente. Também trabalhos feitos por auditorias da própria instituição estão sendo relegados. “A pergunta é: o que o BB quer esconder?”, diz um funcionário do banco.
Em nota encaminhada ao Blog, o Banco do Brasil diz que “promove, desde o início do ano, processo de reestruturação de suas unidades no exterior com o objetivo de ganhar mais eficiência para sua atuação internacional e apoiar as atividades de comércio exterior dos clientes”.
O BB acrescenta que, “entre as mudanças, estão o reforço da atuação em praças que se mostram mais relevantes em nossa operação comercial e o encerramento em outras que apresentam menor retorno, como foi o caso dos escritórios comerciais de Milão e Madrid, cujas atividades serão absorvidas por outras unidades na Europa”.
Para o Banco do Brasil, “o apoio ao comércio exterior e às atividades comerciais dos nossos clientes no exterior continuam sendo prioritárias”. Assinala, ainda, que seu objetivo é “sempre aumentar a eficiência de sua operação”