Um hotel 6 estrelas em São Paulo

                                                       

Abandonado há oito anos no Parque Burle Marx, empreendimento da Previ e do grupo Birmann está sendo vendido para a espanhola OHL

Irany Tereza / RIO e Monica Ciarelli / RIO e Fernando Scheller / SÃO PAULO – O Estado de S.Paulo

Quem passa pelo Parque Burle Marx, em São Paulo, já deve ter se perguntado sobre o casarão em estilo antigo que parece um “corpo estranho” no meio da vegetação. A construção foi planejada para ser um hotel de luxo, mas foi abandonada após brigas judiciais entre sócios e dificuldades financeiras da companhia majoritária no empreendimento. Agora, depois de mais de oito anos de abandono, o projeto está prestes a ser retomado.

O Estado apurou que o braço de construção do grupo espanhol OHL – que, por enquanto, atua no Brasil somente na área de concessões de rodovias – deve assumir o empreendimento. Em 1999, quando o palacete começou a ser construído, os sócios prometiam que ali surgiria o “primeiro hotel seis estrelas” da capital paulista. Depois de três anos de trabalho e aproximadamente US$ 40 milhões em investimentos, o edifício foi fechado, passando a decorar a área de visitação pública.

De acordo com fontes próximas ao negócio, o grupo espanhol estaria fechando a compra do palacete – batizado há mais de uma década como Tangará Hotel & Spa – por aproximadamente US$ 30 milhões. O projeto pertence à Birmann Empreendimentos (que tem 51% do negócio) e à Previ, fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil (detentora de 49%).

O acordo de exclusividade na compra do empreendimento já foi fechado, de acordo com fontes envolvidas nas negociações, e foi contratada auditoria para a due diligence (análise dos números). A licitação para a venda do empreendimento foi lançada no ano passado.

Procurado pela reportagem, o empresário Rafael Birmann confirmou que há uma venda em curso, mas não quis informar o nome do comprador nem o valor do negócio. A Previ confirmou a negociação, mas também não informou o nome do comprador. A direção do fundo disse apenas que o interessado tem 60 dias para uma manifestação final.

Nova função

Com 27 mil metros quadrados de área construída no meio de um bosque, o casarão inacabado tem as portas trancadas por cadeados. A construção acumula limo e sujeira em sua fachada. A intenção do grupo OHL, entretanto, seria a de levar a cabo a ideia de erguer ali um hotel de alto padrão. A obra, que tem oito pavimentos, incluindo dois subsolos e cobertura, está quase 70% concluída, conforme informaram fontes envolvidas no negócio.

De acordo com a Prefeitura de São Paulo, o projeto não faz parte do Burle Marx – o terreno em que o hotel inacabado está localizado, ao lado da área pública, acabou se confundindo com o espaço do parque porque a construção ficou parada. A área do Parque Burle Marx foi doada à cidade pelo Banco Brascan, proprietário original do terreno.

Segundo informações da Secretaria Municipal do Verde e Meio Ambiente, como as árvores em volta do hotel também precisam ser preservadas, provavelmente o novo dono do empreendimento terá de tirar licença para o seu manejo. Entretanto, o poder público confirmou que o local onde está localizado o edifício abandonado realmente pertence à iniciativa privada.

Diversificação

A compra do projeto da Birmann e da Previ deve marcar a entrada da OHL em um novo segmento no Brasil. Atuando no País desde 1999, o grupo espanhol entrou agressivamente nos leilões rodoviários e hoje é a maior companhia do setor de concessões de rodovias no Brasil em quilômetros administrados, com 3.226 quilômetros de estradas em operação. Administra trechos de rodovias nos Estados de São Paulo, Santa Catarina, Paraná, Minas Gerais e Rio de Janeiro.

Localizado no bairro do Panamby, às margens do Rio Pinheiros, o Palácio Tangará – como o projeto do hotel ficou conhecido no fim da década de 90, época de seu lançamento comercial – está localizado em uma área cercada por condomínios de luxo.

O projeto original incluía piscinas cobertas e descobertas, salas de conferências e festas, restaurantes, bares, spa e áreas de apoio e serviços. Os apartamentos mais simples têm 58 metros quadrados; as suítes vão de 80 a 230 metros quadrados. 31/05/2010

14/06/2010
- O Estado de S. Paulo
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