A nova sociedade do consórcio que vai ter a concessão da usina hidrelétrica de Belo Monte já está fechada. O FI FGTS e os fundos de pensão Previ, Petros e Funcef vão ter direta ou indiretamente, por meio de empresas que participam, cerca de 30% da sociedade. A única participação direta será do fundo dos funcionários da Petrobras, que ficam com 10%. A Previ também terá 10% de Belo Monte, mas por meio da 521 Participações – que é a empresa dona da Neoenergia. O FI FGTS entrará por meio da J. Malucelli Energia, onde detém 40% das ações e a Funcef, por meio da Cevix, empresa que o fundo de pensão dos funcionários da Caixa tem em parceria com a Engevix.
Segundo fontes próximas ao consórcio Norte Energia, faltam apenas alguns detalhes a serem acertados, como o percentual que ficará com a Cevix. Em princípio ficou acertado uma participação de 5% em Belo Monte para a empresa, mas tende a ser elevado para 7,5%. Assim a construtora Queiroz Galvão reduziria a participação de 5% para 2,5%.
O autoprodutor do empreendimento será a Gaia Energia, empresa de geração do grupo Bertin que também é autoprodutora. Existe a negociação para que algumas siderúrgicas do Pará entrem nessa parcela, como está sendo negociado com a Sinbras. A CSN que negociava participação fica de fora.
Nessa nova formação, as construtoras Cetenco, Contern, Galvão Engenharia, J. Malucelli Construtora, Mendes Junior e Serveng reduzem suas participações de 30% para 10% do empreendimento. O interesse dessas construtoras está muito focado nos contratos de construção da usina. Mas elas apoiam a contratação de uma das três grandes construtoras, que estudam há 15 anos o projeto.
A Camargo Corrêa e a Odebrecht vão apresentar cotações de preços para diferentes partes da obra. Mas no consórcio, o apoio é para que a Eletrobras feche com a Andrade Gutierrez. Caso contrário, as pequenas construtoras querem ter direito de preferência, mesmo que Camargo e Odebrecht apresentem cotações melhores. Mesmo dentro do governo existe preferência pela contratação da Andrade Gutierrez. Isso porque Camargo e Odebrecht sequer participaram do leilão como investidoras, abandonando a disputa alguns dias antes criando forte pressão para que a licitação não fosse feita.
Fontes próximas ao governo dizem que a atuação dessas empreiteiras no processo do leilão foi considerada uma afronta que deve levar agora a obra para o colo da Andrade Gutierrez. A construtora mineira se manteve na disputa junto com Vale, Neoenergia e Votorantim. Uma importante fonte do governo conta que a pressão da Camargo e Odebrecht continuou mesmo depois de terem desistido da disputa, quando entraram na sociedade com a Andrade para formar o consórcio construtor.
As empreiteiras queriam manter o preço do chamado EPC (que faz a engenharia, fornecimento e construção de uma obra) no valor de R$ 31 bilhões, o que inviabilizava a tarifa de R$ 83. Na véspera da disputa, o governo ainda tinha dúvidas se iria conseguir realizar a licitação e chegou a pensar em não cassar a liminar que adiava a disputa. Mesmo depois da vitória do consórcio liderado por Chesf e Bertin, o governo ainda temia pelo futuro da usina. Foi então que Eletrobras deixou as portas abertas, inclusive para Camargo e Odebrecht, e foi angariando novos sócios. A sociedade agora está fechada e falta acertar os contratos de construção e fornecimento de equipamentos, que serão feitos separadamente.
Fonte: Valor Econômico