Um dos maiores “micos” do fundo, resort na Bahia terá nova estratégia para atrair turistas e dar lucro.
Fundo de pensão aposta agora na segmentação de públicos nos hotéis que estão sob o seu comando no complexo.
SAMANTHA LIMA
ENVIADA ESPECIAL A MATA DE SÃO JOÃO (BA)
A Previ, o maior fundo de pensão do país, espera começar a limpar nesta semana um dos maiores “micos” da carteira: a Costa do Sauipe, a 76 quilômetros de Salvador.
Parcialmente fechado para obras desde novembro, o resort será reaberto na sexta-feira com nova estratégia de segmentação de públicos.
O fundo espera torná-lo lucrativo em um ano e, enfim, conseguir vendê-lo, encerrando um caso que soma R$ 1 bilhão entre investimento sem retorno e prejuízo.
O relançamento custou mais R$ 30 milhões.
A Folha apurou que o plano é, após consolidar ocupação acima de 45%, tentar novamente vendê-lo, quando a economia mundial melhorar. A ideia não é recuperar toda a perda, mas “transformá-lo em autossustentável para vendê-lo bem”, diz um executivo ligado ao projeto.
Sauipe foi idealizado pela Odebrecht em 1993 e, em 1997, a Previ entrou no negócio. Na abertura, em 2000, decidiu-se entregar a gestão dos hotéis a três grupos: dois ao francês Sofitel, dois aos americanos do Marriott e outro à jamaicana SuperClubs.
SEM VOO
“Confiaram na força de venda das redes na Europa e nos EUA, mas não funcionou. Não há voos diretos. É difícil encher tantos quartos”, diz o presidente da Associação Nacional dos Agentes de Viagens, Carlos Alberto Ferreira. São 1.417 apartamentos, com ocupação histórica de 35%.
Outros problemas são a concorrência de cinco resorts na região e dos cruzeiros, barateados pelo dólar baixo.
Para completar, a Previ assinou contratos que previam remuneração às redes baseada na receita, e não no lucro -mesmo fechando no vermelho, eram remuneradas.
A Previ tirou os grupos Sofitel e Marriott há dois anos e assumiu os hotéis. Sobrou a SuperClubs, única rentável, com 60% de ocupação -mas não sem conflito.
A relação azedou quando a SuperClubs, alegando direito de preferência, impediu, em 2008, a venda de Sauipe para o grupo espanhol Quail.
Junto do investidor espanhol Enrique Bañuelos, o grupo jamaicano ofereceu US$ 100 milhões. Com a crise, Bañuelos desistiu.
DISPUTA
Previ e SuperClubs agora duelam em arbitragem internacional -a SuperClubs diz que a Previ lhe deve dinheiro.
A Previ tenta tirá-los, mas uma cláusula dava-lhes direito de renovar o contrato. Para o fundo, eliminar os imbróglios valoriza o resort.
A Previ aposta, agora, na segmentação de públicos nos hotéis de que cuida. Há opção para o segmento luxo, outra para jovens, outra para convenções e uma para famílias com crianças pequenas. Uma nova área infantil servirá todo o resort.
O ponto de encontro dos turistas está sendo ampliado. Foram feitas parcerias com Miolo e Brahma, que abriram bares. Nas últimas semanas, havia mais operários que turistas no resort -3 dos 5 hotéis estão sendo reformados.
Diante do que parecia missão difícil de ser concluída no prazo, Eduardo Giestas, presidente do resort, diz que “vai dar”.
A Previ forneceu dados, mas oficialmente nega a venda e não comenta a disputa. A SuperClubs disse apenas que “apoia o relançamento”. 27/06.