Vera Saavedra Durão
O presidente da Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil (Previ), Ricardo Flores, adiantou ontem, ao divulgar os números do balanço de 2010, que em 2011 o fundo de pensão vai continuar diversificando seus investimentos, com destaque para imóveis, varejo e infraestrutura com foco em óleo e gás.
Segundo Renê Sanda, diretor de investimentos, o fundo de pensão vai destinar R$ 1 bilhão este ano para aplicar em imóveis de alto padrão, de preferência comerciais e situados no eixo Rio, São Paulo e Brasília, ampliando a participação deste segmento em seu portfólio de negócios, hoje de 3,3%, para 5%. A Previ tem R$ 4,7 bilhões investidos na área imobiliária, valor que deve saltar para quase R$ 6 bilhões até dezembro.
A Previ fechou o ano passado com patrimônio de R$ 152 bilhões, superávit acumulado de R$ 26 bilhões e superávit no ano de R$ 3,3 bilhões. Os ativos administrados pela fundação apresentaram rentabilidade média de 12,31%, acima da meta atuarial de 12,23%, o que foi considerado um resultado bastante positivo por Flores. O Plano 1, o mais antigo, com patrimônio de R$ 150 bilhões, registrou rendimento de 12,37% nos ativos e o Previ Futuro, o mais novo, com patrimônio de R$ 2 bilhões, teve retorno de 9,7%.
Entre as áreas de negócios da Previ, concentradas no Plano 1, os investimentos em imóveis foram os que tiveram maior rentabilidade em 2010, de 17,95%. A renda variável, que participa com 64,5% no portfólio de negócios, rendeu 10,68% no ano, e a renda fixa deu retorno de 13,74%. O Previ Futuro, por ser um plano criado em 1998, ainda não tem investimentos significativos, tendo inaugurado no final do ano aplicações em imóveis. Os investimentos em renda variável do Previ Futuro estão ancorados no BRX 50, razão pela qual o rendimento do plano ficou abaixo da meta atuarial. Renê Sanda atribuiu o fato ao fraco desempenho da bolsa no período.
“A bolsa ano passado andou de lado, mas renda variável é sempre um bom investimento”, disse Flores, ao avaliar o comportamento do mercado acionário em 2010. Para o executivo, a bolsa, por ser investimento de risco, sempre tem altos e baixos, mas garante bons rendimentos. As aplicações em imóveis e em participações de grandes empresas foram as que garantiram o saldo positivo da Previ, analisou. A fundação fechou 2010 com carteira de ações de R$ 95,6 bilhões, ante R$ 73 bilhões em 2009, e recebeu R$ 2,6 bilhões em dividendos, valor correspondente a 40% do total de R$ 6,2 bilhões pagos pela fundação em benefício para seus 186 mil participantes.
Os dois maiores negócios da Previ em 2010 foram justamente na área de renda variável. A participação do fundo de pensão nas operações de oferta pública de ações da Petrobras e do Banco do Brasil somou R$ 3 bilhões. Esses negócios são considerados estratégicos pela área de investimento do fundo de pensão. Só na operação Petrobras foram aplicados R$ 2,1 bilhão. Mais R$ 731 milhões foram destinados à oferta do BB. No caso da Petrobras, a Previ teve sua participação encolhida e diluída de 3,1% para 2,9% no capital total da estatal. Segundo cálculo preliminar da diretoria da fundação, seria necessário mais R$ 1 bilhão para aumentar a fatia na Petrobras. “Fomos ao nosso limite”, disse Flores. Já no BB, a Previ manteve sua participação de 10,37%.
O destaque no portfólio acionário da Previ continuou sendo a Vale, que em 2010 ampliou seu valor economico para R$ 35 bilhões, ante R$ 31 bilhões em 2009. A expectativa do presidente da Previ para o minério de ferro este ano é muito positiva, sinalizando que este valor pode dar novo salto. “Temos uma perspectiva positiva para o preço do minério e não trabalhamos com um cenário negativo para o produto”, disse ele.
Indagado sobre a saída de Roger Agnelli da presidência executiva da mineradora, Flores evitou o assunto. Apesar de presidir a Previ, hoje a maior acionista controladora da Vale e ser o presidente do conselho de administração da empresa, ele argumentou que “não gostaria de tratar desse tema, pois não faz parte da nossa reunião de hoje (ontem)”.