Na hora de aposentar, a palavra de ordem dos especialistas é manter o cérebro produtivo, seja com atividades voluntárias, dedicação ao esporte ou resgatar projetos perdidos ao longo dos anos. Para muitos aposentados, o período é uma oportunidade de voltar aos estudos e adquirir conhecimentos em áreas que nunca tiveram tempo de explorar.
Longevidade x ocupação
Maria Lúcia Rodrigues Corrêa, professora de MBA da Fundação Getulio Vargas (FGV) e especialista em preparação para a aposentadoria, comenta que com o avanço da tecnologia médica as pessoas vivem mais, porém seguem se aposentando com a mesma idade.
"Ao se aposentar com 50 ou 60 anos, a pessoa terá pela frente 20, 30 anos de vida. Ficar ocioso por tanto tempo é prejudicial à saúde. Deve-se fugir do ostracismo, que em muitos casos leva à somatização de doenças. E os estudos são uma excelente saída”, comenta a professora da FGV. “Eu sou um bom exemplo disso. Tive uma vida intensa no meio corporativo e resolvi me dedicar aos estudos já pensando no futuro. Fiz mestrado e doutorado, pois apostei na vida acadêmica como nova atividade", relata.
Para a professora, o fundamental é que a pessoa identifique seus desejos e tenha consciência do seu próprio perfil. Para ela, investir em educação é fundamental, principalmente para quem pensa em aposentar e seguir no mercado, ainda que com vínculos e modelos diferentes de trabalho.
Nesse sentido, Maria Lúcia recomenda a elaboração de um planejamento, pois evitará a frustração. Para quem tem dificuldade em decidir, ela recomenda a ajuda de um coach, pois saber como se deseja viver determinada etapa da vida e seus propósitos é fundamental para a qualidade de vida.
Para quem tem vontade de estudar e não sabe exatamente o quê, o psiquiatra e diretor do Instituto de Neurolinguística Aplicada (INAp), Jairo Mancilha, cita alguns passos que podem ajudar na decisão: conversar com amigos, verificar no círculo social quem teve experiências parecidas, resgatar desejos guardados e, ainda, se permitir fazer coisas novas.
"A rotina precisa ser leve e relaxante. A pessoa já trabalhou muito, já contribuiu muito para a sociedade, agora, entendo que é hora de usufruir e cuidar da saúde física e mental", orienta.
Família
Quem vai decidir se vale a pena investir em estudos é o aposentado. A família não deve fazer pressão, e como isso ocorre com frequência – ainda que sem querer – o profissional precisa ter em mente que é o condutor da sua vida e não entregá-la à esposa ou filhos. Maria Lúcia diz que na preparação para a aposentadoria é importante envolver a família e ter uma visão do todo cuidando das finanças, da saúde e de novos projetos.
"Dedicar-se a algo é fundamental, pois ninguém vai ficar saudável sem fazer nada por 30 anos. Seja estudo, trabalho de responsabilidade social, o que não pode é deixar o cérebro parar", finaliza Maria Lucia.